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segunda-feira, 8 de outubro de 2018

IRRECUSÁVEL: recursos para o novo autor literário se impor comercialmente no mercado editorial



IRRECUSÁVEL: recursos para o novo autor literário se impor comercialmente no mercado editorial


Juliano Barreto Rodrigues1
julianorodrigues.escritor@gmail.com



Resumo

Com as mudanças na rotina editorial impressa, promovidas pelo estabelecimento da internet (notadamente das redes sociais), a descoberta de novos autores de ficção mudou muito. A seleção de originais não é mais a quase exclusiva forma de decidir pela publicação, como antes. Hoje, além de escrever, o novo autor tem que autopublicar e promover a sua obra e a si mesmo como marca – ter leitores, seguidores e fãs – antes mesmo de tentar ser aceito por uma editora tradicional. Daí surge um arsenal de atividades, escolhas e conhecimentos, que vão torná-lo viável e, muitas vezes, irrecusável, como escritor nesse mercado. Antigamente o autor escrevia e quase todo o trabalho de edição, publicidade e vendas era da editora – salvo a presença em festa de lançamento, algumas sessões de leitura e autógrafo, que sempre couberam ao autor protagonizar. Hoje, ele é o responsável por, além de escrever, fazer pré-vendas e pós-vendas. As editoras passaram muito da responsabilidade pela promoção da obra para o autor, bem como grande parte da “culpa” pelo sucesso ou insucesso comercial da publicação. Há um ruído enorme embaraçando a atividade-fim do escritor de literatura, que é um artista mas que, no começo, não pode fugir desse caminho, que lhe exige se desdobrar em inúmeras atividades extracriação. Neste cenário, como o escritor de primeiro livro de ficção deve agir, do que dispõe, para fazer seu original ser aceito pela editora e emplacar2 (tendo ampliação de público e indução positiva de crítica), possibilitando-o publicar e continuar uma carreira literária? Este é o problema que o artigo prentende responder.

Palavras-chave

Literatura; primeira publicação; plataforma de autor; promoção da obra; Marketing.


1. Introdução

No filme Julie & Julia3 – com Meryl Streep e Amy Adams no elenco –, baseado na história real de Julie Powell4, a protagonista conta como se tornou, em um ano, uma blogueira e escritora de sucesso ao preparar todas as 524 receitas do livro de culinária francesa de Julia Child e postar fotos e comentários em seu blog, misturando detalhes da experiência a histórias de vida.

Julia Child se tornou uma celebridade em 1961 quando conseguiu, depois de anos de produção e grande trabalho para ser aceita por uma editora, publicar seu livro. A obra lançou-a para a TV, onde ela apresentou programas culinários por mais de 30 anos.

Algo que o filme demonstra muito claramente é a diferença de meios de Julie e Julia para chegarem a se tornar best seller e, em seguida, colherem algo muito semelhante: os frutos de seus sucessos editoriais como celebridades, primeiro literárias, depois de televisão ou cinema.

Child estudou gastronomia francesa na Le Cordon Bleu e decidiu que queria escrever um livro ensinando, em linguagem simples, os segredos da cozinha francesa para os americanos. O trabalho de escrita em si durou anos.. Depois disso, com a ajuda de amigas, submeteu o original a algumas editoras tradicionais que o consideraram inviável, até que, sugerindo várias alterações de conteúdo e cortes, uma editora aceitou publicar. Caminho semelhante ao percorrido por quase todos os autores de primeiro livro antes da era das redes sociais na internet.

Julie Powell, por sua vez, traçou uma trajetória muito diferente até o primeiro livro – aliás, se descobriu escritora no processo – que tem tudo a ver com o que este artigo trata: partiu das redes sociais e foi convidada, em um ano, para a publicação tradicional. Conseguiu isso graças a seu blog: 1) formando um público interessado na cozinha francesa e, mais que isso, no jogo: o desafio quase impossível de cozinhar 524 receitas em 365 dias e, ainda, comentá-las; 2) proporcionando a dada seguidor experiências e sensação de pertencimento a um grupo; 3) destacando a importância de cada um ao respondê-lo individualmente; 4) engajando a todos com o projeto (as pessoas comentavam sobre os pratos que haviam imitado, sobre melhores ingredientes e variações etc.); 5) dando opiniões pessoais e estimulando que as dessem; 6) tratando seu público de forma intimista, detalhando seus sucessos, percalços, dúvidas e angústias, com uma linguagem de confidência, coisas que, em tese, não teriam nada a ver com o objetivo principal do blog, mas que fizeram toda a diferença para o alcance que teve; 7) estando disponível, virtualmente, para os seguidores e fãs, todos os dias; 8) apresentando conteúdo interessante (que é, nas redes sociais, muito mais importante do que conteúdo relevante) e dando conta do desafio (o que também não seria absolutamente essencial, já que a história do porquê de um fracasso também poder ser potencialmente interessante).

Ambas as personagens tiveram praticamente as mesmas conquistas: escreveram a partir de uma experiência, foram publicadas e alcançaram o sucesso midiático, uma com um programa de TV, outra com o filme. O que chama a atenção é que Child gastou uma década só para escrever, lutou para publicar e gastou outro tempo para chegar à televisão, enquanto Powell partiu da autopublicação nas redes sociais, em um ano foi convidada a publicar por uma editora, virou filme daí mais um ano.

Então está mais fácil publicar e, quem sabe, até tornar-se um autor ou autora célebre? Provavelmente. Mas só para quem cria e cativa seu público, conhece as possibilidades para um escritor na internet e entende o funcionamento atual do mercado editorial. É desse rol e seus instrumentos que trata este artigo.

2. Referencial teórico, contextualização e aspectos metodológicos

Por tratar-se de assunto muito referido na internet, mas de forma dispersa, a principal parte da pesquisa foi realizada na rede, buscando “dicas” esparsas nos diferentes artigos e vídeos. O critério de seleção nesse meio foi o da credibilidade das fontes, baseando-se no apelo à autoridade (personalidades legitimadas em seus campos de saber). O referencial teórico mínimo adotado foi a obra “Do autor tradicional ao agenciador cibernético”, de Alemar Silva Araújo Rena (2009).
Introduzindo o tema das modificações culturais ocasionadas pelo advento da internet, RENA afirma:
Além das formas culturais que já conhecíamos, passamos a experimentar outras situações, tensionamentos e derivações na produção artística e cultural contemporânea. Essas passagens são motivadas, entre outros fatores, pelo modo como nossas formas de produzir e experimentar a cultura passaram a se ligar também a toda uma base tecnológica que altera os processos de subjetivação, as formas de presença e a circulação de bens culturais (JESUS, 2009 apud RENA, 2009, pág. 9).

Então, trazendo para o contexto deste artigo, a chave da mudança na rotina editorial tradicional adveio de uma revolução tecnológica – a internet – que modificou toda a cadeia de produção e consumo cultural do livro, que inclusive deixou de ser exclusivamente físico, impresso, para ser acessado via telas (de computadores, tablets, smartphones, e-readers etc.) e até ouvido (Ipad's, Cds etc.). Mais que isso, nesse meio os conteúdos tornaram-se interativos, possibilitando acessar outros paralelos, a partir de hiperlinks5 e até alterar ou ajudar a construir a história (groupware6).

Há uma aparente crise na forma tradicional de publicação impressa, que tem alterado a dinâmica de produção e circulação do produto livro, que atualmente desborda em muito a partir das suas capas. Assim como pessoas, os livros físicos tem suas extensões virtuais, “vivem” e representam fora e dentro da WEB.

Nesse cenário são colocadas em jogo as diversas formas de controle que orbitam na produção cultural, os circuitos de legitimação gerenciados pelos meios de comunicação de massa e as alterações nos sistemas de distribuição como alguns dos pontos que favorecem o surgimento do “ciberagenciador”, uma outra forma, ainda mais instável, que o pólo da autoria assume na contemporaneidade (JESUS, 2009 apud RENA, 2009, pág. 10).

O artigo focaliza o chamado 'autor tradicional', “[...] aquele produtor de literatura ficcional impressa (romances, contos, poemas, crônicas) que se acha imerso em uma infra-estrutura comercial e que conta com o apoio de editores e editoras para promover suas obras” (RENA, 2009, pág. 17). Mas trata esse autor como seu próprio agenciador e, mais precisamente, como ciberagenciador, figura que RENA classifica como “um tipo específico de cibernauta que […] aponta rupturas e novos caminhos para a produção, distribuição e acesso a conteúdo e conhecimento no mundo volátil em que estamos vivendo” (ibidem, pág. 16).

Constatado isto, o artigo tem como objetivo principal apresentar um rol de recursos utilizáveis pelo escritor novato para alcançar a primeira publicação de um original promissor, que vai dos estudos de mercado (públicos, editoras, agentes literários, etc.), planejamentos de comunicação e marketing (principalmente em meio virtual), frequência em cursos, promoção de workshops, leituras, palestras, assessorias a outros pretensos autores, redação de Book Proposal chamativo, resenhas etc., até estratégia de seleção de editoras e trabalho de network direcionado. Obviamente também é útil para os autores já de carreira.

Para se chegar a um 'catálogo' sugestivo de um passo a passo eficaz, foram cotejados, principalmente, sites e redes sociais do meio – editoras, agentes literários, críticos, escritores, publicitários, professores – bem como referências do Marketing, da Comunicação e da Publicidade. Procedimentalmente utilizou-se, portanto, a pesquisa predominantemente eletrônica (sites e redes sociais) e documental (seleção e aproveitamento de falas em entrevistas no YouTube) e, secundariamente, bibliográfica7. O método8 de abordagem foi o indutivo9. A ideia foi chegar a um panorama útil (prático, motivo pelo qual as fontes empíricas se sobressaem à referenciação teórica) àqueles que pretendem publicar de primeira vez.

No decorrer da pesquisa ficou evidente a existência de um jargão próprio, utilizado pelo mercado editorial, por leitores e booktubers, que, à semelhança dos jargões profissionais, exclui do entendimento os “não iniciados”, dificultando o acesso ao meio em que circulam, legitimando internamente seus membros e conferindo-lhes poder de fala e autoridade, de acordo com as convenções da atividade. Quem deseja ser publicado precisa entender o que estão dizendo. Dessa necessidade surgiu a obrigação de incluir, neste artigo, um glossário das expressões mais utilizadas.

3. Recursos para autores

O site espanhol Escritores.org, referência em serviços, informações e cursos para autores, revisores, leitores editoriais, tradutores e críticos literários lista, na seção Herramientas, um conjunto de ferramentas de promoção para escritores. As orientações partem da ideia corrente no ambiente virtual que considera que “O inimigo do autor não é a pirataria: é o anonimato” (Tim O'reilly). Comercialmente falando, não só a exposição é necessária neste meio, mas a hiperexposição. A chave do sucesso midiático é dar-se a conhecer para o maior público possível (ou públicos). O suposto prejuízo ou falta de lucro direto ao escritor é compensado com outras formas indiretas de monetização, vinculadas ao comércio não tanto do produto livro, mas da imagem do autor. Parcerias para vendas de cursos, de serviços editoriais, de obras de outros autores, de soluções de marketing etc., formam um corpo de ações lucrativas – das quais aquele livro passa a ser só mais uma.

Viver de direitos autorais é muito difícil para quem não é best-seller, mas é relativamente comum ver até candidatos a escritores ganhando boas somas com atividades na internet relacionadas aos livros e seu mercado. Hoje, muitos escritores já publicados têm sucesso financeiro dessa forma, com seus livros sendo, mais, uma porta de entrada do que a fonte principal de sua renda.

Nas Herramientas de Pomoción para Escritores, de Escritores.com, chama a atenção a afirmação introdutória “La promoción debería ocupar una parte importante de la agenda de un escritor”, que prova que o fenômeno de migração da responsabilidade, para o autor, da sua própria promoção e de seu livro (antes quase exclusiva do editor) não é acontecimento somente brasileiro. 
 
Primeiramente, o site aconselha que, para dar-se a conhecer e promover sua obra, o escritor novato deve autopublicar, inclusive antes de começar (ou concomitantemente) a buscar um agente literário ou editor. Para o autor já reconhecido, a autopublicação ocupa espaços que nem os agentes, nem os editores, cobrem (HERRAMIENTAS, 2018?).

Em seguida, enumera várias ações dentro de quatro frentes de promoção: internet, concursos literários, meios tradicionais, e distribuição do livro. Em uma tradução livre: 
 
INTERNET
1.- TENHA UM BLOG ou uma web pessoal
2.- ALTA EM MOTORES DE BUSCA, LISTAS, SINDICAÇÃO
É inútil ter um blog ou uma página pessoal se você não tiver visitantes. Coloque utilidades e informações para posicioná-lo e atrair tráfego.
3.- VIDEOS
4.- REDES SOCIAIS
Use as redes sociais (facebook, tuenti, twitter, youtube, etc.) como uma forma de promoção, tanto pessoal como da obra publicada.
5.- CURSO DE POSICIONAMENTO NA AMAZON
6.- OUTROS ESPAÇOS DE INTERESSE PARA ESCRITORES DE INTERNET

CONCURSOS LITERÁRIOS
[...]
São uma boa opção, além de publicar e receber uma remuneração financeira às vezes nada desprezível, são um bom meio de promoção. […].

MÍDIA TRADICIONAL (imprensa, rádio, televisão, revistas)
1.- A MÍDIA (o dossiê de imprensa [Press Kit, material de divulgação])
2.- REVISTAS LITERÁRIAS
3.- DIRETÓRIO DE MÍDIA (imprensa, rádio, televisão)

DISTRIBUIÇÃO DO LIVRO (formato papel), FEIRAS, ASSINATURA EM BIBLIOTECAS ...
É um segmento que está nas mãos de editores tradicionais. As possibilidades de promoção off-line para um autor, se você não tiver o suporte de um grupo de publicação, que controla a distribuição de livros em formato de papel e publicidade na mídia, são muito limitadas.
Para um escritor que se autopublica, as possibilidades neste segmento têm, hoje, um impacto mínimo, puramente testemunhal. Recomendamos extrema prudência ante o “canto da sereia” que, sob pagamento prévio de um valor econômico significativo, nos garantirão a presença na mídia, distribuição em livrarias físicas, etc. […] (HERRAMIENTAS, 2018?).

Ter um blog ou site é essencial na promoção do escritor para o mercado editorial e para aproximá-lo de um público leitor. A forma mais fácil e barata é o blog gratuito: criação e atualização simples. O blog é um repositório pessoal ou coletivo de textos, imagens, hipertextos, concebido para ser um tipo de diário na internet, em que a pessoa posta, compartilha e discute conteúdos que lhe interessam. Conta com inúmeros recursos de interação e avaliação de acessos, curtidas, compartilhamentos. Tem apelo publicitário, de promoção pessoal, mas deve priorizar conteúdos que interessem e prendam a atenção dos visitantes, como link para baixar a obra completa do autor gratuitamente, ou alguns capítulos, também vídeos promocionais, comentários próprios sobre a obra e comentários dos visitantes, resenhas, artigos, pesquisas de opinião (com gráfico indicando o percentual de cada tipo de opinião), todo o possível para, dentro das limitações do canal, proporcionar uma experiência que marque e fidelize quem se dispôs a acessar o blog pela primeira vez, de preferência tornando-o seguidor.

Usuários da internet são consumidores de conteúdo muito volúveis, descartam rapidamente algo que não lhes prenda a atenção, assim, a falta de constância nas postagens, a má produção ou escolha do conteúdo, a falta de resposta aos comentários, podem afugentar aqueles que já haviam sido “conquistados”.

É muito importante que se atente para os Meta Tags, que são linhas de código HTML (uma das linguagens para criadores de sites, feita para ser entendida pelas pessoas e máquinas). Eles descrevem o conteúdo do site para os sistemas de busca – o Google, por exemplo – quando algum usuário quer encontrar determinado assunto. Utilizando palavras-chave corretas (em qualidade e quantidade) é possível fazer com que, quando esse usuário digite algo que quer, o blog ou site do autor seja um dos primeiros a ser mostrado. Há profissionais dedicados apenas ao serviço de colocar blogs e sites em destaque nos motores de busca, mas o próprio criador pode fazer a sua parte, inserindo palavras-chave na construção de títulos (do site ou blog, dos livros, contos, poemas etc.), acrescentando descrições e sinônimos dentro dos textos.

Feeds (RSS) – são ferramentas que trazem automaticamente para a área de trabalho do assinante os novos conteúdos de seus sites e blogs favoritos sem que tenha que ir procurá-los. Algumas plataformas (inclusive de blogs gratuitos, como o Blogger e o Wordpress) já vêm com a criação de feeds automatizada. Os feeds são interessantes porque quem é seguidor do blog de um autor receberá as atualizações de conteúdo dele toda vez que alguma nova postagem for feita, fazendo com que o blog e seu autor estejam presentes no dia a dia do seguidor de forma mais constante.

Além desse tipo de indexação, os motores de busca utilizam muitos outros para colocar um site ou blog na frente de outros na hora da procura. O alto número de visitas e o número de links em outros sites, direcionando para o do autor, são os principais. Trocar links com outros sites e blogs da mesma temática (e com popularidade percentual igual ou superior) é um bom caminho para aumentar a visibilidade.

Há inúmeros portais em que se pode publicar uma resenha em vídeo, um booktrailer, um comentário ou entrevista, um conteúdo publicitário. Atualmente o YouTube é o mais utilizado. Os vídeos têm um alcance e adesão mais fácil do que os conteúdos escritos. São uma forma muito eficiente de exposição e de conversão de conteúdo em negócios. Como todo vídeo gera um URL (endereço digital) próprio, é possível compartilhá-lo no blog, no site, no Facebook, no Whatsapp etc. O que posiciona um vídeo na frente dos outros quando um usuário faz uma busca por determinado assunto é o número de acessos que teve, quantos likes (o “joinha”) alcançou, quantas vezes foi compartilhados, quantos comentários e citações gerou, assim por diante, seguindo a mesma lógica dos outros motores de busca.

Redes sociais são pontos de encontro de pessoas do mundo todo com interesses em comum. Há redes muito conhecidas, como o Facebook, o Twiter, o YouTube, o Whatsapp, e aquelas criadas para nichos e públicos bem definidos, caso daquelas específicas para leitores: Skoob, Wattpad, GoodReads, Lecturalia, Livreto, Orelha de Livro etc. É necessário que o escritor esteja presente em ambos os tipos e produza conteúdo específico para cada rede, já que cada uma têm suas características, possibilidades e limitações próprias e que, principalmente, quem acessa uma pode seguir para outra, sendo frustrante ver mera repetição de conteúdos, sem qualquer novidade.

Postar um livro, ou parte dele, em redes sociais para leitores, escritores ou editores é um recurso para divulgação da obra e do autor. Além de postar, é importante que o autor comente o próprio livro e responda, positivamente, os comentários alheios (são os que têm mais influência em relação aos outros usuários visitantes). Ao autor também é útil comentar livros de outros escritores – inclusive nos sites de livrarias, como a Saraiva, a Amazon –, participar de discussões e de tudo que gravite em torno da literatura, sempre assinando suas participações e, se possível, indicando suas próprias páginas virtuais e redes sociais.

As revistas, suplementos literários, sites e blogs especializados são meios em que um autor pode publicar sem custo e obter bom retorno em divulgação, promoção e networking. Muitas revistas e suplementos aceitam colaboradores externos (alguns até pagam).

O meio editorial valoriza muito os prêmios literários. Há, inclusive, uma discussão sobre o real efeito dos prêmios em relação às vendas, alguns alegando que não passam de forma de legitimação para um público pequeno: o dos próprios autores, editores e livreiros. Pode ser que seja assim, mas este público, especificamente, interessa muito ao escritor novato, fato pelo qual os concursos literários não devem ser negligenciados. Ademais, muitos deles publicam os premiados e têm prêmios financeiros atraentes. Há concursos de contos, poesia, romances publicados ou inéditos, amplamente divulgados na internet.

4. Lições de Booktubers para o escritor novato

1) Flávia Iriarte, proprietária da editora Oito e Meio, booktuber do Canal Carreira Literária e criadora de cursos para escritores ensina, no vídeo Aumentando suas chances de publicação10:

Falando sobre as plataformas de autopublicação, Flávia Iriarte afirma que “hoje em dia não tem desculpa para ninguém não ter um currículo de autor” (IRIARTE, 2016). Para o editor não importa se a pessoa afirma escrever desde criança. Ele quer saber é o que há de publicado, qual repercussão teve, se alguém conhecido já leu o livro, se o autor tem uma página no Facebook ou um Blog com muito acesso. Nas palavras dela, “o editor quer saber de coisas concretas” (Idem). Ela diz que “se você não tem […], comece a fazer esse minicurrículo de escritor, para poder convencer um editor com propriedade” (Idem).

Leitores e fortuna crítica prévia – além dos leitores comuns, também há uma crítica especializada: escritores, jornalistas, acadêmicos, estudiosos de literatura, críticos literários etc. É importante que o autor novato procure quem avalize a obra, escrevendo uma frase, um parágrafo, uma crítica sobre ela. A fortuna crítica é esse aval, um ativo, um capital na hora de convencer o editor a publicar o livro.

Flávia destaca que é o autor que tem que mostrar a afinidade com o catálogo da editora em que pretende publicar. Para isso, deve pesquisar que tipo de livros e autores ela publica. Dá também dicas mais práticas para a apresentação do original para a editora: Deve haver a preocupação com o título do livro, que deve ser chamativo e interessante. Nos contatos via e-mail, o autor deve ser sucinto e ir direto ao ponto (segundo Flávia, e-mail longo cansa o editor). Também é necessário usar fonte agradável (Times New Roman 12) e um bom alinhamento, sem uma mancha muito grande e que ocupe muito espaço. Deve-se utilizar letra preta e arejar o texto com espaçamento.

O editor não quer alguém que pareça amador. É preciso ter leitores, em quantidade e qualidade, que importem, bem como uma fortuna crítica. O autor deve fazer propaganda no Facebook, no Google e outras redes, bem como utilizar técnicas de marketing digital.
***

2) Henry Bugalho, do Vlog do Escritor, vários livros publicados, editor, tradutor, autor do Curso de Escrita Criativa (do Escreva seu Livro). Vídeo Como promover a sua carreira literária:

Desde o primeiro momento em que começar a escrever algo com segurança já é necessário divulgar para encontrar seu público. “A etapa de criar leitor do zero é a mais difícil, eu acho, porque há um mecanismo universal aí que, se ninguém te conhece, ninguém quer te conhecer. Então, é preciso começar o mais cedo possível” (BUGALHO, 2017), iniciar pelos amigos e parentes e ir aumentando a “massa de leitores”.

É importante que os escritores tenham Blogs, Facebook, Watpadd, outras plataformas e outros canais, para criar uma ponte com leitores e com outros escritores (para aprender técnicas, solucionar dúvidas, aprender sobre mercado, com a experiência de cada um, já que todos estão em diferentes etapas da carreira).

É essencial promover textos, divulgar o trabalho de graça no começo, participar de concursos literários, publicar independentemente na Amazon (ainda que venha a vender pouco é interessante), criar canal no YouTube para falar de literatura, de escrita ou outra coisa que goste, com o fim de criar e alimentar a marca pessoal, a identidade de autor e se mostrar.

Essa base de leitores e redes sociais é o que editoras e agentes literários chamam “plataforma”. Querem que o autor já tenha uma plataforma para eles poderem vender. Tanto editoras quanto agências literárias têm as mesmas exigências. Se o escritor tiver 1000 seguidores, 1000 fãs fiéis, já consegue manter sua carreira, vendendo seus livros e quaisquer tipos de produtos que apresentar, indo às suas palestras, assistindo seus vídeos, lendo seus textos. Segundo Bugalho, não é preciso ser um bestseller, basta um grupo que gosta do que o autor faz, que acompanha tudo o que faz, que seja formado realmente por fãs, para ter uma quantidade de “conteúdo consumido”. É uma base permanente de leitores.
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3) Tiago Novaes – escritor, tradutor, professor de escrita criativa, booktuber do canal Escrita Criativa – destaca, no vídeo Como vive um escritor, três possibilidades do autor se manter, financeiramente, da atividade literária:

a) Dos direitos autorais de obras impressas – segundo Tiago, esta é a maneira mais difícil de viver de escrita. Só autores de livros muito vendidos conseguem sobreviver com o pagamento de direitos, haja vista que os autores de livros publicados só recebem cerca de 10% do valor de capa de cada exemplar. Assim, com os livros na média de R$ 40,00, somente R$ 4,00 vão para o autor. É preciso um volume de vendas muito grande para gerar um valor considerável. Para aumentar a chance de alcançar rendimento que possibilite se manter exclusivamente dos direitos o autor terá que publicar muitos livros e, temerariamente para sua arte, provavelmente terá que adequar seus temas e seu estilo para atender as “grandes massas”.

b) Direitos autorais de obras publicadas digitalmente (e-Book's) – Autopublicação. Quando se publica um livro em uma livraria digital, a porcentagem do valor da venda recebida pelo autor varia entre 35% e 70%. Não há o trabalho de marketing e distribuição de uma editora, o autor promove e divulga sua obra nas redes sociais e impele seu público a comprar na loja digital. O problema desta forma é que, segundo Tiago, grande parte dos escritores quer uma “chancela”, um reconhecimento social do ponto de vista da crítica, de um concurso literário de obras impressas, da concretude de um livro físico em si. Mas ele destaca que a principal chancela que um escritor precisa é do público, dos leitores.

c) Atividades direta ou indiretamente ligadas à escrita – por exemplo: aulas de criação literária ou de algo correlato; ghostwriting; produção cultural de eventos literários; tradução; o jornalismo.
***

4) Mel Ferraz, booktuber do canal Literature-se, em atividade desde 2010. Vídeo Como os booktubers ganham – publieditoriais, permuta, afiliações, adsense. Trata de uma das possibilidades do escritor se manter financeiramente sendo produtor de conteúdo e “influenciador digital” no YouTube:

Falando sobre quanto as editoras e o marketing determinam quais livros serão editados e terão maior promoção (e, portanto, mais possibilidade de serem publicados, bem distribuídos e sucessos de venda), Mel Ferraz insinua que os leitores, em geral, absorvem isso passivamente sem querer questionar muito o mercado. Considera que a mentalidade de que a literatura não passa pelo consumo é muito arraigada. “Nós só temos os livros que tanto amamos por causa de empresas. Editoras nada mais são do que empresas, e os leitores mais críticos não querem parar para pensar nisso porque é uma coisa que incomoda, sim, mas não deveria [...]” (FERRAZ, 2017).

Quanto aos conteúdos produzidos no YouTube, principalmente as resenhas de livros, Mel ensina que apresentar opiniões é a chave. Elas podem ser compradas? Sim, e este é o problema dos influenciadores. É o que os seguidores temem.

Primeira forma de ganhar dinheiro no YouTube: o Adsense, do Google. É a forma de monetizar os vídeos. Há coeficientes que contabilizam o quanto de views (visualizações) tem o vídeo e quanto o youtuber receberá por cada view. Empresas e patrocinadores divulgam suas marcas, seus produtos, através dos vídeos, dos comerciais no começo dos vídeos e também dos banners, que aparecem durante a visualização. Cada visualização é contada, contabilizada. As empresas pagam para o Google, e a divulgação que o booktuber faz daquela marca ou produto, vinculada a seu conteúdo, lhe rende determinado percentual monetário, como compensação pela promoção. É uma porcentagem bem pequena. Canais de moda e gamers (canais sobre jogos) são enormemente mais rentáveis.

Luisa Accorsi, vlogueira de moda com canal no YouTube desde 2012, detalha um pouco sobre como se dá o cálculo da monetização paga pelas visualizações, no vídeo Quanto um youtuber Ganha? Com valores! : via CPM – custo por mil. Valor ganho pelo youtuber a cada 1000 visualizações recebidas. É um percentual aproximado que o youtuber vê em gráfico gerado pelo YouTube (via algoritmos). É contada não apenas a visualização, mas a visualização até o final, o número de comentários e interações (clicar em 'gostei', 'não gostei', compartilhar etc.) para aumentar o CPM.

Segunda forma: filiações com sites de livrarias, como a Amazon. Em média, 9% de toda compra realizada utilizando os links que o booktuber disponibiliza no seu canal (e que remetem o usuário direto para a página de compra daquele produto na loja) ficam para ele. Para cada livro indicado no vídeo o booktuber deixa um link específico da obra embaixo, onde as pessoas podem acessar com um click e comprar o livro. Também é possível disponibilizar um link geral de um livraria (ou outra loja) em que, qualquer produto (livro ou não) comprado através dele também rende percentual para o booktuber.

Terceira forma: Parcerias. Basicamente uma permuta. Editores, autores, livreiros, “presenteiam” o booktuber com certos livros, geralmente lançamentos (muito mais vantajosos, financeiramente, para eles), e o booktuber faz a divulgação sem cobrar nada. Há a polêmica acerca do quanto isso, de verdade, beneficia os produtores de conteúdo em relação às editoras, já que é quase como se aqueles trabalhassem “de graça” enquanto, para as editoras, é extremamente vantajosa a divulgação por meio de blogs e canais literários. Levando em conta o tamanho do público atingido pelos booktubers, esse é um impulsionamento de grande valor (50.000 livros vendidos já torna um livro um bestseller. Há canais muito influentes com muito mais do que esse número de seguidores / potenciais compradores).

Quarta: Publieditoriais11 – conteúdo pago por editoras, empresas (de capas para livros, blusas, objetos temáticos etc.), autores (que financiam a divulgação de seus livros). A expressão “publieditoriais” vem de publicidade mesmo. Utilizados dentro do canal literário, são uma maneira de garantir ao livro, editora ou seu autor, um espaço - via pagamento - na atenção do público do canal (o público que querem alcançar). A ação do booktuber, nestes casos, normalmente é um pacote de serviços, formado por resenha, leitura, opinião (experiência que teve com o livro). A preocupação dos seguidores dos booktubers, em relação a este tipo de contrato, é com a honestidade da opinião, que esperam ser sincera, não deturpada, “comprada”.

5. Considerações Finais

Diante do que foi apresentado é possível perceber que o fazer literário hoje vem de um novo escritor (ciberagenciador de si próprio e multitarefas), escrevendo um novo tipo de literatura (totalmente influenciada pela internet – até virtualizada e interativa), para um novo tipo de mercado (leitores diferentes, editores diferentes etc.). Este artigo tratou, tão somente, do escritor e, ainda assim, apenas de aspectos práticos da promoção de sua imagem de autor e da publicação e promoção de suas obras.

Neste contexto atual, em que o autor também é seu próprio agente literário, faz a publicidade e o marketing de suas obras, dois problemas urgentes devem ser gerenciados: 1) o tempo para efetivamente criar, que tem que ser dividido com tantas tarefas de promoção e autopromoção; 2) como “viver da escrita”.

Embora sejam problemas, também são oportunidades, haja vista que tem sido mais fácil e lucrativo ganhar dinheiro tratando de literatura do que escrevendo literatura. Até quem jamais pretende escrever um livro pode viver de literatura, seja como booktuber, seja ministrando cursos, workshops ou palestrando, produzindo resenhas para editoras, revisando originais, fazendo coaching e assessoria para novos autores, apresentando críticas literárias, promovendo eventos, assim por diante. Há muitos exemplos de quem se mantém assim, orbitando a literatura em si. Uma vantagem adicional é que quase todas as atividades mencionadas podem ser realizadas sem sair de casa. 
 
Um efeito colateral negativo é que muitos pretensos escritores desanimam de escrever e se contentam em coadjuvar a literatura, trabalhando nessas atividades de promoção, que pagam melhor. Os que não desistem têm que acumular à escrita essas funções, sobrecarregando-se com tarefas que competem, em tempo e estímulo financeiro, com a sua arte.

Os booktubers têm se mostrado a peça chave na promoção de qualquer livro ou autor. Alguns desses influenciadores são celebridades da internet, contando com um público grande e fiel. Escritores que não são booktubers tem que ser, de alguma forma, indicados por eles (seja por amizade, seja pagando), se querem “cair nas graças” do público leitor e , principalmente, das editoras tradicionais. Outras celebridades, como atores de TV, personalidades jornalísticas ou acadêmicas, escritores famosos, revistas importantes, podem projetar rapidamente um escritor e uma obra se comentarem, indicarem ou fizerem alguma leitura em seus canais.

As dicas estão aí, e foram extraídas de exemplos de sucesso que têm se repetido abundantemente. Embora o número de escritores tenha aumentado dia após dia, conquistar um lugar com as próprias ferramentas e com a liberdade de escrever o que quer, se tornou mais fácil. Ao autor, basta promover sua arte, sua literatura, em todos os canais que consiga administrar. Não há segredo.

6. Glossário do jargão editorial e literário digital

Cada dia surge e desaparece nova palavra e expressão neste glossário. Por ser um jargão, o significado das palavras nem sempre é literal, porque funcionam como gírias. O sentido pode até ser cambiante, mudando de significado conforme a evolução do uso.

Alta literatura – é a literatura considerada de alta qualidade, cultuada pelos críticos;
Angst - Histórias escritas por fãs, explorando o sofrimento emocional dos protagonistas de suas obras favoritas.
Animal - Seguidor extravagante de um autor, gênero, título ou personagem. O termo evoluiu para uma designação carinhosa.
Arco narrativo, ou arco da história, ou arco do personagem - O arco de personagem pode ser descrito como o que acontece com o personagem no decorrer da história: o quanto ele muda de estado, da A para B, do começo ao fim da obra, quanto se supera para melhor ou pior.
Autoficção – é um gênero híbrido, seria a junção da autobiografia com a ficção. Ao escrever o autor mistura sua própria história com situações fictícias;
Blogosfera - Trata-se do “universo” no qual atuam os blogueiros.
Bookaholic um “viciado” em livros.
Book Ban - Fase em que o leitor não está comprando livros, seja por falta de dinheiro ou outro motivo qualquer.
Book Birthday - data de lançamento de um livro.
Book Jar – jarro de livros para serem lidos.
Booklovers- amantes de livros e do que se relacione com eles: marcadores de páginas, porta-livros, aparadores, bolsas e sacolas estilizadas, etc.
Bookmaníaco - o mesmo que booknerd ou bookmaníaco. Cf. Bookaholic.
Booknerd – o mesmo que bookaholic ou bookmaníaco. Cf. Bookaholic.
Bookquiz ou bookquest – jogos e questionários para aprofundar o conhecimento de certos livros, coleções, personagens.
Bookshelf – "tour", em vídeo, pela própria estante de livros, apresentando-a para outras pessoas.
Book tour – consiste em disponibilizar (o autor, ou o editor, ou um fã, etc.) um livro para vários leitores, para ser lido e repassado, sucessivamente. Outra situação consiste no envio, por autores iniciantes, de seu livro, para blogueiros, booktubers, etc., para que leiam e postem resenhas em seus canais. Neste segundo caso, normalmente não se espera devolução do livro, nem repasse.
Book trailer ou bookmovie - Vídeo semelhante a um trailer de filme, feito para promover a história de um livro. É comum que seja divulgado antes mesmo do lançamento da publicação, para despertar interesse e formar público.
Booktuber – youtuber que fala de livros e do que com eles se relacione, apresentando resenhas, sugestões, comentários, entrevistas com autores, leitores, gente do mercado editorial, etc.
Calhamaço – livro volumoso, com grande número de páginas.
Canon – clássico ou pretenso “novo clássico”.
Chick-lit – gênero ficcional (especialmente romances leves e divertidos) que trata de questões femininas, especialmente relacionadas à mulher moderna.
Cliffhanger- é um recurso de final de capítulo, fornecendo suspense para que os leitores se interessem em continuar a leitura. Pode ser uma ação, uma frase, uma questão em aberto, por exemplo.
CosBook - Cosplay e Cosplayer. Grupos de fãs usando elementos representativos, geralmente roupas e fantasias de personagens de sua literatura ou história em quadrinhos favorita.
Creepy - Histórias sombrias e sinistras escritas com recursos que objetivam impressionar ou surpreender o leitor. É um termo ligado a Creepypastas: histórias de terror e lendas urbanas “viralizadas” na internet.
Crossover - Tem um duplo significado. Duas ou mais histórias diferentes que "se cruzam" em determinado momento através da interação de seus personagens. Pode referir-se à interação de personagens e histórias de diferentes lugares que, em princípio, não têm nada em comum (nos quadrinhos há vários exemplos famosos, como o sindicato de personagens que fizeram Marvel e DC). O termo também abrange os títulos que são direcionadas para um público jovem ou de jovens adultos. Também são chamados escritores crossover aqueles que publicam para vários públicos diferentes (adultos, infanto-juvenis, etc.). Livros que têm enredos ou personagens que atingem públicos diversos também são crossover.
Crush literário – paixão intensa por algum personagem.
Cyberspace - É o espaço virtual da Internet.
Distopia - Mundos imaginários extremos, desiguais e injustos, geralmente inspirados em ideologias sociais opressoras. Oposto de utopia, em que tudo é bom e belo.
Drabble - Obras literárias de ficção curta, teoricamente com até 100 palavras, embora alguns considerem que com até 500 palavras.
E-book ou eBook - livro em formato digital, para ser lido em computador, tablet ou smartphone;
Etiquetas, tags, rótulos ou marcadores - Palavras-chave atribuídas aos posts de redes sociais através das quais é possível localizar facilmente conteúdo relacionado. Por exemplo, em um comentário sobre A Ilha Misteriosa , pode-se atribuir como tags "Stevenson", "Ilha Misteriosa", "Classics" ou "Jim Hawkins". Quando alguém buscar utilizando qualquer desses termos, será direcionado para o texto.
Fã - palavra relacionada a fanboy e fangirl . Seguidores de um escritor, livro, personagem.

Fail - Outra expressão em inglês, que significa “falhar”. É normalmente usada com uma hashtag (#Fail), para falar de algo que deu errado.

Fandom - A palavra é derivada de United Fan. União de fãs, sites ou textos criados por grupos de fãs específicos de um escritor ou personagem, principalmente ligados à literatura de fantasia. Pode funcionar publicitariamente (fan advertising – publicidade de fãs).
Fanfic, Fan Fiction, ou Fic - histórias escritas por fãs, utilizando personagens, situações, ambientes das histórias de que são fãs.
Fanon ou headcanon - são as teorias e invenções mirabolantes surgidas nas criações feitas por fãs (Fanfics).
Fluff – historinhas leves, mornas e inofensivas que normalmente terminam bem.

Follow/Unfollow - Quando se segue uma pessoa no Twitter e vai querer ver tudo o que ela escreve, dá um Follow nela. Quando não quer mais, dá Unfollow.

Geek - Relacionado com o conceito de nerd, designa pessoas que estão muito interessados em tecnologia e seu uso na vida diária.
Ghost Writer - Escritor fantasma. Presta serviço redigindo textos para terceiros, de forma anônima. Ninguém jamais deve saber de sua participação na obra.
Genderbend - (quadrinhos japoneses). É o alter ego de uma pessoa, mas do sexo oposto.
Goodreads - É uma rede social para os leitores, amplamente utilizados pelos jovens, que podem ler, comentar e votar nos livros que leem. É possível receber reomendações de outros usuários de acordo com os gostos pessoais indicados.
Groupware – ambientes ou trabalhos compartilhados. Histórias escritas a várias mãos.
Hardback - livro de capa dura.
Hardcover - é uma versão do livro com capa dura e uma jacket (uma capa de papel, tecido ou couro que pode ser removida).

Hashtag - Consiste de uma palavra-chave antecedida pelo símbolo #. Serve para facilitar as buscas daquele assunto na internet. Também é uma expressão bastante usada pelos usuários de internet, para destacar alguma palavra, frase ou expressão.

Hots -romances com temática sexual.
Idhunita – fãs da escritora de literatura de fantasia Laura Gallego ou de sua saga Idhún .
Jam literária - termo oriundo de Jam session, reunião músicos do Jazz caracterizada pelas improvisações. Jam literária é a sessão de escrita de improviso, em que um autor (ou vários) escreve(m) com pessoas assistindo. Tem a intenção de demonstrar como se dá o processo criativo.
Lateral-Story (história paralela) - Fanfics criados a partir de personagens originais de um autor, geralmente com a função de explicar detalhes que não são esclarecidas nas obras de que são fãs.
Lédis ou lista de desejos – obras que se pretende ler.
Leitor Beta – leitor qualificado, que faz a leitura crítica de um original para apontar ao autor sugestões de correção, mudanças na narrativa etc.
Literatura especulativa - ficção científica, literatura distópica, literatura de fantasia, toda aquela que cria um mundo próprio, ilusório.
Literatura suja - é a literatura menosprezada ou desprezada pelos críticos literários. Embora não significa que seja de baixa qualidade.

LOL - “Laughing out loud”, rindo alto, usado quando se acha alguma coisa muito engraçada.

Long Sellers - são os Best-sellers que sobrevivem ao tempo (e às “modinhas”).
Marcadores - O mesmo que rótulos e etiquetas. Cf. Etiquetas.

Meme – são virais, conteúdos reproduzidos enormemente e muito rapidamente pelos internautas.

Meme Literário – Virais, piadas sobre escritores, cartunistas, personagens fictícios ou obras literárias que são disseminadas através de redes sociais.
Monetizar - Transformar em dinheiro, gerar lucro.
Narniano - fã das Crõnicas de Nárnia.
Network – rede de contatos pessoais.
New Adult (NA) - Livro com personagens na faixa etária de 19 a 25 anos, iniciando a vida adulta e geralmente na universidade.
Noivo ou Noiva - Envolvimento real, imaginado ou sugerido pelos fãs, entre personagens que fazem parte de uma obra de ficção.
One-shot - obra literária conclusiva, sem possibilidade de continuação.
Olimpiano ou Semi-deus - fã de Percy Jackson
OTP – personagens "destinados a ficar juntos".Os duetos favoritos de fãs e escritores.
Page-turner - Textos que envolvem o leitor, que não consegue parar de ler até atingir o capítulo final.
Paperback – livro com capa  comum e sem orelhas.
Peripécia (Greek: Περιπέτεια) ou mudança súbita é um termo da poética clássica que significa uma reversão das circunstâncias dadas. Na ficção é comum que os protagonistas vivam várias peripécias ao longo da história. O escritor, para tornar a história emocionante, inclui ações repentinas e inesperadas. Neste sentido, a peripécia funciona como uma mudança imprevista no curso dos acontecimentos.
Pitching - Defesa oral, apresentação oral de algo (de um livro, por exemplo).
Plot - enredo, os eventos da história.
Plot twist - peripécia. É a chamada reviravolta. A mudança radical na direção do enredo.
Pocket - a edição de bolso.
POV (point of view) - Ponto de vista em que a história está sendo contada.
Poser - pessoa que finge ser fã apenas para estar na moda. Falsos fãs. Geralmente é aquele leitor que só lê o que todo mundo está lendo ou muitas vezes nem lê mas finge ser fã de um livro ou série apenas para se enturmar.
Post – publicação, postagem.
Postureo - expressão espanhola. Ato de escrever ou falar em vídeo, e de forma normalmente rasa, sobre temas bem vistos na comunidade leitora, tendo o cuidado de dizer "só o que eles querem ouvir", para se dar bem com todos.
Potterhead, Pottermore – comunidade dos maiores fãs da saga Harry Potter. Geralmente tem todos os materiais publicados deste personagem (filmes, livros, cartazes e até mesmo varinhas...), além de dirigirem suas vidas inspirados no personagem.
Prequel - uma obra cuja história trata dos eventos que ocorreram antes da história principal, explicando como vieram a ocorrer.
Procrastinar – termo usado por youtubers muito populares. Consiste, no Youtube, em uma crítica/elogio àqueles que deveriam estar fazendo coisas essenciais em vez de falando o dia todo de livros.
Publisher - editor
Quotes - frases, citações, partes favoritas de um livro.

Reply - resposta. Alguém menciona você na rede social e você responde a pessoa com um Reply.

Resenha - é a síntese ou resumo descritivo e crítico do conteúdo de uma obra.
Ressaca Literária - tem duas definições distintas. 1) Quando alguém termina a leitura e não consegue se desligar do livro, mesmo tendo começado a ler outro. 2) Quando alguém não consegue ler,  porque não tem vontade, porque a leitura não flui ou porque, simplesmente, vai deixar de ler por algum tempo.
Rótulos - o mesmo que etiquetas ou marcadores. Cf. Etiquetas.
Sentada - ato de sentar para ler. Não existe unanimidade para dizer quanto tempo ela deve durar, mas ela tem que ser breve. Quando alguém diz que determinado livro dá para ler em uma sentada, quer dizer que é curto, rápido de ler.
Shippar - É quando o leitor se identifica com um casal do enredo e torce para que eles fiquem juntos no final do livro.
Sick-lit - em inglês sick: doença. São histórias focadas em personagens com doenças terminais, depressão ou tendências suicidas.

Spam - mensagem padrão enviada para muitas pessoas de uma só vez e que, geralmente, o usuário não pediu para receber.

Stalkear - é uma gíria baseada na palavra inglesa stalker, que significa literalmente "perseguidor". Assim, esse "verbo" costuma ser usado para se referir ao ato de "espionar" ou "perseguir" as atividades de determinada pessoa nas redes sociais.
Tags – etiqueta, rótulo.
Taguear – marcar, etiquetar.
TBR - To Be Read. Os livros "parados" na estante que ainda serão lidos. Os blogueiros costumam fazer a famosa Book Jar com os nomes desses livros.
TBR Book Jar – jarro de livros para serem lidos.
Thriller - livros de suspense e mistério, terror psicológico, conspiração e tramas policiais.
Torcedor - leitor que espera reviravoltas inesperadas em livros ou filmes. Incluindo mortes, ressurreições, viagens temporais e coisas mágicas.

Trollar ou tolar – tirar sarro.

Trovador - leitor que gosta de contar, coloquialmente, a história do que leu, para impressionar os outros.

Twittar – escrever no Twitter. O Twitter é uma rede social que funciona como um blog, mas suas postagens se limitam a 140 caracteres (cerca de duas linhas para cada tuite).

Universo Alternativo (AU) - consiste em mover a ação para um espaço / tempo real diferente.
Viral – Cf. meme.
Vlog e Vlogger – semelhante a blog, só que com postagens em vídeo.
Wattpad – aplicativo de compartilhamento de contos, livros, que revelou inúmeros autores e os levou a publicar tradicionalmente (livro físico).
Whovian - fã da série Doctor Who. Quase todos os seguidores de uma saga literária ou título emblemático (geralmente best-sellers ) têm um apelido assim.
Wrap-up – lista dos livros lidos em um mês pelo booktuber.
Young Adult (YA) - livros voltados para o público Young Adult  (Jovens Adultos) uma faixa que vai dos 18 aos 30 anos aproximadamente. Os personagens são jovens saindo da adolescência e entrando na vida adulta, assim como o público ao qual são destinados os livros.
Youtubers – quem posta vídeos no YouTube e ganhou certa popularidade com isso.


Referências Bibliográficas e Digitais

ACCORSI. Luisa. Quanto um Youtuber Ganha? Com Valores! 2017. (8m49s). Disponível em: <https://youtu.be/6E7dP0RLHgE>. Acessado em: 1 jul 2018.

BUGALHO, Henry Alfred. Como promover a sua carreira literária. Vlog do Escritor. 2017. (5m15s). Disponível em: <https://youtu.be/f7GwyA6bcWA>. Acessado em 1 jul 2018.

FERRAZ, Mel. Como os booktubers ganham – publieditoriais, permuta, afiliações, adsense. Literature-se. 2017. (13m22s). Disponível em: <https://youtu.be/bhU6FVwG7mg>. Acessado em 1 jul 2018.

HERRAMIENTAS de Promoción para Escritores. Escritores.org, Sant Cugat (Espanha), [2018?]. Herramientas. Disponível em: <https://www.escritores.org/herramientas-de-promocion>. Acesso em: 14 ago 2018.

IRIARTE, Flávia. Aumentando suas chances de publicação. 2016. Canal Carreira Literária. (44m31s). Disponível em: <https://youtu.be/wUiPcRJiVh0>. Acessado em 1 jul 2018.

JESUS, Eduardo de. Prefácio. In: RENA. Alemar Silva Araújo. Do autor tradicional ao agenciador cibernético. – São Paulo: Annablume, 2009.

JULIE & Julia. Direção: Nora Ephron. Produção: Nora Ephron, Laurence Mark, Amy Robinson, Eric Steel. Intérpretes: Meryl Streep, Amy Adams, Stanley Tucci, Chris Messina e outros. Roteiro: Nora Ephron. Trilha sonora: Alexandre Desplat. EUA: Easy There Tiger Productions, Columbia Pictures, Scott Rudin Productions, 2009. 1 DVD (123 min), Widescreen 1.85:1 anamórfico . Distribuído no Brasil por Sony Pictures. Baseado no livro “Julie & Julia”, de Julie Powell.

NOVAES, Tiago. Como vive um escritor? 2018. Canal Escrita Criativa. (9m12s). Disponível em: <https://youtu.be/gQw6TiLPhUk>. Acessado em 16 ago 2018.

RENA. Alemar Silva Araújo. Do autor tradicional ao agenciador cibernético. – São Paulo: Annablume, 2009. 140 p.


Notas

1 Mestre em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento (PUC-GO); pós-graduações em Português, Língua e Literatura (Metodista – SP), em Assessoria de Comunicação e Marketing (UFG), em Direito Penal (UFG), em Análise Criminal (FASEM), em Direito Privado (FESURV) e em Direito Processual (FESURV); graduado em Direito (PUC-GO).

2 Deliberadamente, não se fará aqui a discussão do pressuposto que parecia mais lógico, em um passado até recente, para o sucesso de um autor: a boa narrativa, o estilo próprio, a boa técnica. O mercado fast reading atual segue regras próprias de consumo, atendendo a tendências de moda, à evidenciação e espetacularização do autor, também sendo, muitas vezes, recorrência de outras mídias (filmes, séries, games, redes sociais etc.), em um movimento muito mais errático do que há poucos anos, quando as editoras é que decidiam quem dizia o quê, como e para quem. Mas a questão da qualidade do que vem sendo publicado de forma independente e imposto ao mercado tradicional não cabe aqui, merecendo uma análise extensa, isenta e criteriosa, à luz da Teoria, da Crítica, e da História literárias.

3 Cf. o item Referências Bibliográficas e Digitais.

4 O romance autobiográfico Julie e Julia, contando a experiência, foi publicado no Brasil pela Editora Record.

5 Hiperlink é o ponto de partida para os links, que são trechos de texto destacados ou botões virtuais que, ao serem clicados, provocam a exibição de outro arquivo ou outra página da WEB.

6 Cf. Glossário do Jargão Editorial e Literário Digital.

7 Referências teóricas publicads na forma textual.

8 Quanto a abordagem a pesquisa foi qualitativa – investigação científica focada no caráter subjetivo do objeto sob análise. Selecionou-se um conjunto de atividades para o candidato a ser publicado por editora tradicional e foram apresentados argumentos que validassem os itens sugeridos.
Em relação à natureza da pesquisa, foi aplicada, ou seja, teve por objetivo gerar conhecimento para aplicação prática, dirigido à solução de problema específico (facilitar a publicação do autor de primeiro original no mercado fechado das editoras tradicionais).
Tratando de objetivos, a pesquisa foi exploratória, visando a familiarização com o problema (como o escritor de primeiro livro de ficção deve agir, do que dispõe, para fazer seu original ser aceito pela editora tradicional e emplacar – tendo ampliação de público e indução positiva de crítica –, possibilitando-o continuar a publicar?), tornando mais explícito e contextualizado, além de tentar sugerir alternativas ou medidas possíveis.

9 Método lógico que avança da particularidade para a generalização. O artigo trata das dificuldades do escritor de primeiro livro em ter seu original aceito pelas editoras tradicionais (embora isso também seja uma generalização, nem todos encontram as mesmas condições) para criar um lista de recursos que, se utilizados, supostamente trarão a solução para o problema.

10 Cf. Referências Bibliográficas e Digitais.

11 O mesmo que “publiposts”, mas específico para livros ou produtos a eles relacionados. O publipost ou post patrocinado, acontece quando uma marca propõe que blogueiros e pessoas com forte influência digital (baseada em grandes números de visualizações e seguidores) divulguem os produtos de sua marca nas redes sociais. Tudo isso, com algum tipo de custo, claro.