Dedicatória que fiz em livro que presenteei a uma colega que pretende ser escritora:
Quer ser escritora?
1) Escreva. Vá para a poesia para
encontrar sua voz. Solte-se. Esqueça as regras de escrita que sua formação lhe
deu. Volte a imaginar feito criança. Já na prosa, preze pela escrita de
processo, de que falou César Aira, porque a de resultado é fácil e vulgar, e para
ela há muitas receitinhas de bolo.
2) Exponha-se aos leitores. É como
postar-se nua na praça. Seja exorbitante, superlativa. Se está nua na praça,
pule e rebole. Desavergonhe as vergonhas (naturalize-as). Sabe aquelas pessoas
filmadas dançando na rua? Ou são ridicularizadas e viralizam como piada na
internet ou saem consagradas e aplaudidas. É assim que acontece.
3) Afie o detector de merda hemingwayniano
e aponte-o principalmente para seus próprios textos.
Se for para ser escritora, fatalmente
o será, simplesmente por não conseguir não escrever. É como se as palavras - um
Sol dentro de ti a te queimar as tripas - precisassem sair. É a lição de Bukowski,
que conseguiu ser um grande escritor apesar de ser o maior escroto do mundo.
Desejo-te paixão pela senda.