O Coletivo

Blog do escritor Juliano Rodrigues. Aberto a textos gostosos de quem quer que seja. Contato: julianorodrigues.escritor@gmail.com

segunda-feira, 31 de julho de 2023

HORROR NO CORAJOSO


 

                                      Horror no corajoso


                                                                                                            Juliano Barreto Rodrigues


O medo no tutano do osso.

Fundo de poço sem fundo,

Que, de tão lá, não vem à luz.

Não comunica carne,

Não comunica nervo

Não comunica pele,

Nem comunica pelo.

Dói de abismo;

Mas de modo inconsciente,

Latente!

A boca nega;

O gesto repudia;

A face desmente.

Tudo no ato é coragem.

Tão mais espetaculosa e indômita,

Quanto maior o medo que cala.

Odisseu teve medo: escondeu!

Nero também teve;

E Vlad da Valáquia, o conde.

Assim, todos os corajosos da história.

Porque todo grande teme um maior.

Se não, teme o tempo,

Ou a si mesmo.

A veia biliosa do valente

Renega o medo dormente,

Que lá naquele filete medular

Se encerra.

Vez em quando

Um arrepio traidor,

Ou uma estranha onda de calor,

E vem o blefe:

“É aragem!”

“É mormaço!”

Na verdade, é humano!

Ou, antes, animálico!

Coragem só se cria

Onde há medo que preserve;

Só dura onde a precaução

é milimétrica.

Porque o sem-medo é l’oggi morto:

no primeiro embate peita o gume.

Isso é inscícia,

Não coragem.



TRAGEDUMBA



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TRAGEDUMBA


                                                                 Juliano Barreto Rodrigues


Bam, bam...

Cabrum!


Latão

Tombou

Boc'aberta

Beir'abaixo.


Bem-bom

Derramou rastejando a rua