IRRECUSÁVEL:
recursos para o novo autor literário se impor comercialmente no
mercado editorial
Juliano
Barreto Rodrigues1
julianorodrigues.escritor@gmail.com
Resumo
Com
as mudanças na rotina editorial impressa, promovidas pelo
estabelecimento da internet (notadamente das redes sociais), a
descoberta de novos autores de ficção mudou muito. A seleção de
originais não é mais a quase exclusiva forma de decidir pela
publicação, como antes. Hoje, além de escrever, o novo autor tem
que autopublicar e promover a sua obra e a si mesmo como marca –
ter leitores, seguidores e fãs – antes mesmo de tentar ser aceito
por uma editora tradicional. Daí surge um arsenal de atividades,
escolhas e conhecimentos, que vão torná-lo viável e, muitas vezes,
irrecusável, como escritor nesse mercado. Antigamente o autor
escrevia e quase todo o trabalho de edição, publicidade e vendas
era da editora – salvo a presença em festa de lançamento, algumas
sessões de leitura e autógrafo, que sempre couberam ao autor
protagonizar. Hoje, ele é o responsável por, além de escrever,
fazer pré-vendas e pós-vendas. As editoras passaram muito da
responsabilidade pela promoção da obra para o autor, bem como
grande parte da “culpa” pelo sucesso ou insucesso comercial da
publicação. Há um ruído enorme embaraçando a atividade-fim do
escritor de literatura, que é um artista mas que, no começo, não
pode fugir desse caminho, que lhe exige se desdobrar em inúmeras
atividades extracriação. Neste cenário, como o escritor de
primeiro livro de ficção deve agir, do que dispõe, para fazer seu
original ser aceito pela editora e emplacar2
(tendo
ampliação de público e indução positiva de crítica),
possibilitando-o publicar e continuar uma carreira literária? Este é
o problema que o artigo prentende responder.
Palavras-chave
Literatura; primeira publicação; plataforma de autor;
promoção da obra; Marketing.
1. Introdução
No
filme Julie & Julia3
– com Meryl Streep e Amy Adams no elenco –, baseado na história
real de Julie Powell4,
a protagonista conta como se tornou, em um ano, uma blogueira e
escritora de sucesso ao preparar todas as 524 receitas do livro de
culinária francesa de Julia Child e postar fotos e comentários em
seu blog, misturando detalhes da experiência a histórias de vida.
Julia Child se
tornou uma celebridade em 1961 quando conseguiu, depois de anos de
produção e grande trabalho para ser aceita por uma editora,
publicar seu livro. A obra lançou-a para a TV, onde ela apresentou
programas culinários por mais de 30 anos.
Algo
que o filme demonstra muito claramente é a diferença de meios de
Julie e Julia para chegarem a se tornar best
seller
e, em seguida, colherem algo muito semelhante: os frutos de seus
sucessos editoriais como celebridades, primeiro literárias, depois
de televisão ou cinema.
Child estudou
gastronomia francesa na Le Cordon Bleu e decidiu que queria escrever
um livro ensinando, em linguagem simples, os segredos da cozinha
francesa para os americanos. O trabalho de escrita em si durou anos..
Depois disso, com a ajuda de amigas, submeteu o original a algumas
editoras tradicionais que o consideraram inviável, até que,
sugerindo várias alterações de conteúdo e cortes, uma editora
aceitou publicar. Caminho semelhante ao percorrido por quase todos os
autores de primeiro livro antes da era das redes sociais na internet.
Julie Powell, por
sua vez, traçou uma trajetória muito diferente até o primeiro
livro – aliás, se descobriu escritora no processo – que tem tudo
a ver com o que este artigo trata: partiu das redes sociais e foi
convidada, em um ano, para a publicação tradicional. Conseguiu isso
graças a seu blog: 1) formando um público interessado na cozinha
francesa e, mais que isso, no jogo: o desafio quase impossível de
cozinhar 524 receitas em 365 dias e, ainda, comentá-las; 2)
proporcionando a dada seguidor experiências e sensação de
pertencimento a um grupo; 3) destacando a importância de cada um ao
respondê-lo individualmente; 4) engajando a todos com o projeto (as
pessoas comentavam sobre os pratos que haviam imitado, sobre melhores
ingredientes e variações etc.); 5) dando opiniões pessoais e
estimulando que as dessem; 6) tratando seu público de forma
intimista, detalhando seus sucessos, percalços, dúvidas e
angústias, com uma linguagem de confidência, coisas que, em tese,
não teriam nada a ver com o objetivo principal do blog, mas que
fizeram toda a diferença para o alcance que teve; 7) estando
disponível, virtualmente, para os seguidores e fãs, todos os dias;
8) apresentando conteúdo interessante (que é, nas redes sociais,
muito mais importante do que conteúdo relevante) e dando conta do
desafio (o que também não seria absolutamente essencial, já que a
história do porquê de um fracasso também poder ser potencialmente
interessante).
Ambas as personagens
tiveram praticamente as mesmas conquistas: escreveram a partir de uma
experiência, foram publicadas e alcançaram o sucesso midiático,
uma com um programa de TV, outra com o filme. O que chama a atenção
é que Child gastou uma década só para escrever, lutou para
publicar e gastou outro tempo para chegar à televisão, enquanto
Powell partiu da autopublicação nas redes sociais, em um ano foi
convidada a publicar por uma editora, virou filme daí mais um ano.
Então está mais
fácil publicar e, quem sabe, até tornar-se um autor ou autora
célebre? Provavelmente. Mas só para quem cria e cativa seu público,
conhece as possibilidades para um escritor na internet e entende o
funcionamento atual do mercado editorial. É desse rol e seus
instrumentos que trata este artigo.
2. Referencial
teórico, contextualização e aspectos metodológicos
Por tratar-se de assunto muito referido na internet, mas
de forma dispersa, a principal parte da pesquisa foi realizada na
rede, buscando “dicas” esparsas nos diferentes artigos e vídeos.
O critério de seleção nesse meio foi o da credibilidade das
fontes, baseando-se no apelo à autoridade (personalidades
legitimadas em seus campos de saber). O referencial teórico mínimo
adotado foi a obra “Do autor tradicional ao agenciador
cibernético”, de Alemar Silva Araújo Rena (2009).
Introduzindo o tema das modificações culturais
ocasionadas pelo advento da internet, RENA afirma:
Além das formas culturais que já conhecíamos,
passamos a experimentar outras situações, tensionamentos e
derivações na produção artística e cultural contemporânea.
Essas passagens são motivadas, entre outros fatores, pelo modo como
nossas formas de produzir e experimentar a cultura passaram a se
ligar também a toda uma base tecnológica que altera os processos de
subjetivação, as formas de presença e a circulação de bens
culturais (JESUS, 2009 apud RENA, 2009, pág. 9).
Então,
trazendo para o contexto deste artigo, a chave da mudança na rotina
editorial tradicional adveio de uma revolução tecnológica – a
internet – que modificou toda a cadeia de produção e consumo
cultural do livro, que inclusive deixou de ser exclusivamente físico,
impresso, para ser acessado via telas (de computadores, tablets,
smartphones,
e-readers
etc.)
e até ouvido (Ipad's, Cds etc.). Mais que isso, nesse meio os
conteúdos tornaram-se interativos, possibilitando acessar outros
paralelos, a partir de hiperlinks5
e até alterar ou ajudar a construir a história (groupware6).
Há uma aparente crise na forma tradicional de
publicação impressa, que tem alterado a dinâmica de produção e
circulação do produto livro, que atualmente desborda em muito a
partir das suas capas. Assim como pessoas, os livros físicos tem
suas extensões virtuais, “vivem” e representam fora e dentro da
WEB.
Nesse cenário são colocadas em jogo as diversas formas
de controle que orbitam na produção cultural, os circuitos de
legitimação gerenciados pelos meios de comunicação de massa e as
alterações nos sistemas de distribuição como alguns dos pontos
que favorecem o surgimento do “ciberagenciador”, uma outra forma,
ainda mais instável, que o pólo da autoria assume na
contemporaneidade (JESUS, 2009 apud RENA, 2009, pág. 10).
O artigo focaliza o chamado 'autor tradicional', “[...]
aquele produtor de literatura ficcional impressa (romances, contos,
poemas, crônicas) que se acha imerso em uma infra-estrutura
comercial e que conta com o apoio de editores e editoras para
promover suas obras” (RENA, 2009, pág. 17). Mas trata esse autor
como seu próprio agenciador e, mais precisamente, como
ciberagenciador, figura que RENA classifica como “um tipo
específico de cibernauta que […] aponta rupturas e novos caminhos
para a produção, distribuição e acesso a conteúdo e conhecimento
no mundo volátil em que estamos vivendo” (ibidem, pág. 16).
Constatado
isto, o artigo tem como objetivo principal apresentar um rol de
recursos utilizáveis pelo escritor novato para alcançar a primeira
publicação de um original promissor, que vai dos estudos de mercado
(públicos, editoras, agentes literários, etc.), planejamentos de
comunicação e marketing (principalmente em meio virtual),
frequência em cursos, promoção de workshops,
leituras, palestras, assessorias a outros pretensos autores, redação
de Book
Proposal chamativo,
resenhas etc., até estratégia de seleção de editoras e trabalho
de network
direcionado.
Obviamente também é útil para os autores já de carreira.
Para
se chegar a um 'catálogo' sugestivo de um passo a passo eficaz,
foram cotejados, principalmente, sites e redes sociais do meio –
editoras, agentes literários, críticos, escritores, publicitários,
professores – bem como referências do Marketing, da Comunicação
e da Publicidade. Procedimentalmente utilizou-se, portanto, a
pesquisa predominantemente eletrônica (sites e redes sociais) e
documental (seleção e aproveitamento de falas em entrevistas no
YouTube) e, secundariamente, bibliográfica7.
O método8
de abordagem foi o indutivo9.
A ideia foi chegar a um panorama útil (prático, motivo pelo qual as
fontes empíricas se sobressaem à referenciação teórica) àqueles
que pretendem publicar de primeira vez.
No decorrer da pesquisa ficou evidente a existência de
um jargão próprio, utilizado pelo mercado editorial, por leitores e
booktubers, que, à semelhança dos jargões profissionais, exclui do
entendimento os “não iniciados”, dificultando o acesso ao meio
em que circulam, legitimando internamente seus membros e
conferindo-lhes poder de fala e autoridade, de acordo com as
convenções da atividade. Quem deseja ser publicado precisa entender
o que estão dizendo. Dessa necessidade surgiu a obrigação de
incluir, neste artigo, um glossário das expressões mais utilizadas.
3. Recursos para autores
O
site espanhol Escritores.org, referência em serviços, informações
e cursos para autores, revisores, leitores editoriais, tradutores e
críticos literários lista, na seção Herramientas,
um conjunto de ferramentas de promoção para escritores. As
orientações partem da ideia corrente no ambiente virtual que
considera que “O inimigo do autor não é a pirataria: é o
anonimato” (Tim O'reilly). Comercialmente falando, não só a
exposição é necessária neste meio, mas a hiperexposição. A
chave do sucesso midiático é dar-se a conhecer para o maior público
possível (ou públicos). O suposto prejuízo ou falta de lucro
direto ao escritor é compensado com outras formas indiretas de
monetização,
vinculadas ao comércio não tanto do produto livro, mas da imagem do
autor. Parcerias para vendas de cursos, de serviços editoriais, de
obras de outros autores, de soluções de marketing etc., formam um
corpo de ações lucrativas – das quais aquele livro passa a ser só
mais uma.
Viver de direitos autorais é muito difícil para quem
não é best-seller, mas é relativamente comum ver até candidatos a
escritores ganhando boas somas com atividades na internet
relacionadas aos livros e seu mercado. Hoje, muitos escritores já
publicados têm sucesso financeiro dessa forma, com seus livros
sendo, mais, uma porta de entrada do que a fonte principal de sua
renda.
Nas
Herramientas
de Pomoción para Escritores,
de Escritores.com, chama a atenção a afirmação introdutória “La
promoción debería ocupar una parte importante de la agenda de un
escritor”, que prova que o fenômeno de migração da
responsabilidade, para o autor, da sua própria promoção e de seu
livro (antes quase exclusiva do editor) não é acontecimento somente
brasileiro.
Primeiramente, o site aconselha que, para dar-se a
conhecer e promover sua obra, o escritor novato deve autopublicar,
inclusive antes de começar (ou concomitantemente) a buscar um agente
literário ou editor. Para o autor já reconhecido, a autopublicação
ocupa espaços que nem os agentes, nem os editores, cobrem
(HERRAMIENTAS, 2018?).
Em seguida, enumera várias ações dentro de quatro
frentes de promoção: internet, concursos literários, meios
tradicionais, e distribuição do livro. Em uma tradução livre:
INTERNET
1.-
TENHA UM BLOG ou uma web pessoal
2.-
ALTA EM MOTORES DE BUSCA, LISTAS, SINDICAÇÃO
É
inútil ter um blog ou uma página pessoal se você não tiver
visitantes. Coloque utilidades e informações para posicioná-lo e
atrair tráfego.
3.-
VIDEOS
4.-
REDES SOCIAIS
Use
as redes sociais (facebook, tuenti, twitter, youtube, etc.) como uma
forma de promoção, tanto pessoal como da obra publicada.
5.-
CURSO DE POSICIONAMENTO NA AMAZON
6.-
OUTROS ESPAÇOS DE INTERESSE PARA ESCRITORES DE INTERNET
CONCURSOS
LITERÁRIOS
[...]
São
uma boa opção, além de publicar e receber uma remuneração
financeira às vezes nada desprezível, são um bom meio de promoção.
[…].
MÍDIA
TRADICIONAL (imprensa, rádio, televisão, revistas)
1.-
A MÍDIA (o dossiê de imprensa [Press Kit, material de divulgação])
2.-
REVISTAS LITERÁRIAS
3.-
DIRETÓRIO DE MÍDIA (imprensa, rádio, televisão)
DISTRIBUIÇÃO
DO LIVRO (formato papel), FEIRAS, ASSINATURA EM BIBLIOTECAS ...
É
um segmento que está nas mãos de editores tradicionais. As
possibilidades de promoção off-line para um autor, se você não
tiver o suporte de um grupo de publicação, que controla a
distribuição de livros em formato de papel e publicidade na mídia,
são muito limitadas.
Para
um escritor que se autopublica, as possibilidades neste segmento têm,
hoje, um impacto mínimo, puramente testemunhal. Recomendamos extrema
prudência ante o “canto da sereia” que, sob pagamento prévio de
um valor econômico significativo, nos garantirão a presença na
mídia, distribuição em livrarias físicas, etc. […]
(HERRAMIENTAS, 2018?).
Ter um blog ou site é essencial na promoção do
escritor para o mercado editorial e para aproximá-lo de um público
leitor. A forma mais fácil e barata é o blog gratuito: criação e
atualização simples. O blog é um repositório pessoal ou coletivo
de textos, imagens, hipertextos, concebido para ser um tipo de diário
na internet, em que a pessoa posta, compartilha e discute conteúdos
que lhe interessam. Conta com inúmeros recursos de interação e
avaliação de acessos, curtidas, compartilhamentos. Tem apelo
publicitário, de promoção pessoal, mas deve priorizar conteúdos
que interessem e prendam a atenção dos visitantes, como link para
baixar a obra completa do autor gratuitamente, ou alguns capítulos,
também vídeos promocionais, comentários próprios sobre a obra e
comentários dos visitantes, resenhas, artigos, pesquisas de opinião
(com gráfico indicando o percentual de cada tipo de opinião), todo
o possível para, dentro das limitações do canal, proporcionar uma
experiência que marque e fidelize quem se dispôs a acessar o blog
pela primeira vez, de preferência tornando-o seguidor.
Usuários da internet são consumidores de conteúdo
muito volúveis, descartam rapidamente algo que não lhes prenda a
atenção, assim, a falta de constância nas postagens, a má
produção ou escolha do conteúdo, a falta de resposta aos
comentários, podem afugentar aqueles que já haviam sido
“conquistados”.
É muito importante que se atente para os Meta Tags, que
são linhas de código HTML (uma das linguagens para criadores de
sites, feita para ser entendida pelas pessoas e máquinas). Eles
descrevem o conteúdo do site para os sistemas de busca – o Google,
por exemplo – quando algum usuário quer encontrar determinado
assunto. Utilizando palavras-chave corretas (em qualidade e
quantidade) é possível fazer com que, quando esse usuário digite
algo que quer, o blog ou site do autor seja um dos primeiros a ser
mostrado. Há profissionais dedicados apenas ao serviço de colocar
blogs e sites em destaque nos motores de busca, mas o próprio
criador pode fazer a sua parte, inserindo palavras-chave na
construção de títulos (do site ou blog, dos livros, contos, poemas
etc.), acrescentando descrições e sinônimos dentro dos textos.
Feeds
(RSS) – são ferramentas que trazem automaticamente para a área de
trabalho do assinante os novos conteúdos de seus sites e blogs
favoritos sem que tenha que ir procurá-los. Algumas plataformas
(inclusive de blogs gratuitos, como o Blogger e o Wordpress) já vêm
com a criação de feeds
automatizada. Os feeds
são
interessantes porque quem é seguidor do blog de um autor receberá
as atualizações de conteúdo dele toda vez que alguma nova postagem
for feita, fazendo com que o blog e seu autor estejam presentes no
dia a dia do seguidor de forma mais constante.
Além desse tipo de indexação, os motores de busca
utilizam muitos outros para colocar um site ou blog na frente de
outros na hora da procura. O alto número de visitas e o número de
links em outros sites, direcionando para o do autor, são os
principais. Trocar links com outros sites e blogs da mesma temática
(e com popularidade percentual igual ou superior) é um bom caminho
para aumentar a visibilidade.
Há
inúmeros portais em que se pode publicar uma resenha em vídeo, um
booktrailer,
um comentário ou entrevista, um conteúdo publicitário. Atualmente
o YouTube é o mais utilizado. Os vídeos têm um alcance e adesão
mais fácil do que os conteúdos escritos. São uma forma muito
eficiente de exposição e de conversão de conteúdo em negócios.
Como todo vídeo gera um URL (endereço digital) próprio, é
possível compartilhá-lo no blog, no site, no Facebook, no Whatsapp
etc. O que posiciona um vídeo na frente dos outros quando um usuário
faz uma busca por determinado assunto é o número de acessos que
teve, quantos likes
(o
“joinha”) alcançou, quantas vezes foi compartilhados, quantos
comentários e citações gerou, assim por diante, seguindo a mesma
lógica dos outros motores de busca.
Redes sociais são pontos de encontro de pessoas do
mundo todo com interesses em comum. Há redes muito conhecidas, como
o Facebook, o Twiter, o YouTube, o Whatsapp, e aquelas criadas para
nichos e públicos bem definidos, caso daquelas específicas para
leitores: Skoob, Wattpad, GoodReads, Lecturalia, Livreto, Orelha de
Livro etc. É necessário que o escritor esteja presente em ambos os
tipos e produza conteúdo específico para cada rede, já que cada
uma têm suas características, possibilidades e limitações
próprias e que, principalmente, quem acessa uma pode seguir para
outra, sendo frustrante ver mera repetição de conteúdos, sem
qualquer novidade.
Postar um livro, ou parte dele, em redes sociais para
leitores, escritores ou editores é um recurso para divulgação da
obra e do autor. Além de postar, é importante que o autor comente o
próprio livro e responda, positivamente, os comentários alheios
(são os que têm mais influência em relação aos outros usuários
visitantes). Ao autor também é útil comentar livros de outros
escritores – inclusive nos sites de livrarias, como a Saraiva, a
Amazon –, participar de discussões e de tudo que gravite em torno
da literatura, sempre assinando suas participações e, se possível,
indicando suas próprias páginas virtuais e redes sociais.
As
revistas, suplementos literários, sites e blogs especializados são
meios em que um autor pode publicar sem custo e obter bom retorno em
divulgação, promoção e networking.
Muitas revistas e suplementos aceitam colaboradores externos (alguns
até pagam).
O meio editorial valoriza muito os prêmios literários.
Há, inclusive, uma discussão sobre o real efeito dos prêmios em
relação às vendas, alguns alegando que não passam de forma de
legitimação para um público pequeno: o dos próprios autores,
editores e livreiros. Pode ser que seja assim, mas este público,
especificamente, interessa muito ao escritor novato, fato pelo qual
os concursos literários não devem ser negligenciados. Ademais,
muitos deles publicam os premiados e têm prêmios financeiros
atraentes. Há concursos de contos, poesia, romances publicados ou
inéditos, amplamente divulgados na internet.
4. Lições de Booktubers para o escritor novato
1)
Flávia Iriarte, proprietária da editora Oito e Meio, booktuber do
Canal Carreira Literária e criadora de cursos para escritores
ensina, no vídeo Aumentando
suas chances de publicação10:
Falando
sobre as plataformas de autopublicação, Flávia Iriarte afirma que
“hoje em dia não tem desculpa para ninguém não ter um currículo
de autor” (IRIARTE, 2016). Para o editor não importa se a pessoa
afirma escrever desde criança. Ele quer saber é o que há de
publicado, qual repercussão teve, se alguém conhecido já leu o
livro, se o autor tem uma página no Facebook ou um Blog com muito
acesso. Nas palavras dela, “o editor quer saber de coisas
concretas” (Idem). Ela diz que “se você não tem […], comece a
fazer esse minicurrículo de escritor, para poder convencer um editor
com propriedade” (Idem).
Leitores
e fortuna crítica prévia – além dos leitores comuns, também há
uma crítica especializada: escritores, jornalistas, acadêmicos,
estudiosos de literatura, críticos literários etc. É importante
que o autor novato procure quem avalize a obra, escrevendo uma frase,
um parágrafo, uma crítica sobre ela. A fortuna crítica é esse
aval, um ativo, um capital na hora de convencer o editor a publicar o
livro.
Flávia destaca que é o autor que tem que mostrar a
afinidade com o catálogo da editora em que pretende publicar. Para
isso, deve pesquisar que tipo de livros e autores ela publica. Dá
também dicas mais práticas para a apresentação do original para a
editora: Deve haver a preocupação com o título do livro, que deve
ser chamativo e interessante. Nos contatos via e-mail, o autor deve
ser sucinto e ir direto ao ponto (segundo Flávia, e-mail longo cansa
o editor). Também é necessário usar fonte agradável (Times New
Roman 12) e um bom alinhamento, sem uma mancha muito grande e que
ocupe muito espaço. Deve-se utilizar letra preta e arejar o texto
com espaçamento.
O editor não quer alguém que pareça amador. É
preciso ter leitores, em quantidade e qualidade, que importem, bem
como uma fortuna crítica. O autor deve fazer propaganda no Facebook,
no Google e outras redes, bem como utilizar técnicas de marketing
digital.
***
2)
Henry Bugalho, do Vlog do Escritor, vários livros publicados,
editor, tradutor, autor do Curso de Escrita Criativa (do Escreva seu
Livro). Vídeo Como
promover a sua carreira literária:
Desde o primeiro momento em que começar a escrever algo
com segurança já é necessário divulgar para encontrar seu
público. “A etapa de criar leitor do zero é a mais difícil, eu
acho, porque há um mecanismo universal aí que, se ninguém te
conhece, ninguém quer te conhecer. Então, é preciso começar o
mais cedo possível” (BUGALHO, 2017), iniciar pelos amigos e
parentes e ir aumentando a “massa de leitores”.
É importante que os escritores tenham Blogs, Facebook,
Watpadd, outras plataformas e outros canais, para criar uma ponte com
leitores e com outros escritores (para aprender técnicas, solucionar
dúvidas, aprender sobre mercado, com a experiência de cada um, já
que todos estão em diferentes etapas da carreira).
É essencial promover textos, divulgar o trabalho de
graça no começo, participar de concursos literários, publicar
independentemente na Amazon (ainda que venha a vender pouco é
interessante), criar canal no YouTube para falar de literatura, de
escrita ou outra coisa que goste, com o fim de criar e alimentar a
marca pessoal, a identidade de autor e se mostrar.
Essa base de leitores e redes sociais é o que editoras
e agentes literários chamam “plataforma”. Querem que o autor já
tenha uma plataforma para eles poderem vender. Tanto editoras quanto
agências literárias têm as mesmas exigências. Se o escritor tiver
1000 seguidores, 1000 fãs fiéis, já consegue manter sua carreira,
vendendo seus livros e quaisquer tipos de produtos que apresentar,
indo às suas palestras, assistindo seus vídeos, lendo seus textos.
Segundo Bugalho, não é preciso ser um bestseller, basta um grupo
que gosta do que o autor faz, que acompanha tudo o que faz, que seja
formado realmente por fãs, para ter uma quantidade de “conteúdo
consumido”. É uma base permanente de leitores.
***
3)
Tiago Novaes – escritor, tradutor, professor de escrita criativa,
booktuber do canal Escrita Criativa – destaca, no vídeo Como
vive um escritor,
três possibilidades do autor se manter, financeiramente, da
atividade literária:
a) Dos direitos autorais de obras impressas – segundo
Tiago, esta é a maneira mais difícil de viver de escrita. Só
autores de livros muito vendidos conseguem sobreviver com o pagamento
de direitos, haja vista que os autores de livros publicados só
recebem cerca de 10% do valor de capa de cada exemplar. Assim, com os
livros na média de R$ 40,00, somente R$ 4,00 vão para o autor. É
preciso um volume de vendas muito grande para gerar um valor
considerável. Para aumentar a chance de alcançar rendimento que
possibilite se manter exclusivamente dos direitos o autor terá que
publicar muitos livros e, temerariamente para sua arte, provavelmente
terá que adequar seus temas e seu estilo para atender as “grandes
massas”.
b) Direitos autorais de obras publicadas digitalmente
(e-Book's) – Autopublicação. Quando se publica um livro em uma
livraria digital, a porcentagem do valor da venda recebida pelo autor
varia entre 35% e 70%. Não há o trabalho de marketing e
distribuição de uma editora, o autor promove e divulga sua obra nas
redes sociais e impele seu público a comprar na loja digital. O
problema desta forma é que, segundo Tiago, grande parte dos
escritores quer uma “chancela”, um reconhecimento social do ponto
de vista da crítica, de um concurso literário de obras impressas,
da concretude de um livro físico em si. Mas ele destaca que a
principal chancela que um escritor precisa é do público, dos
leitores.
c)
Atividades direta ou indiretamente ligadas à escrita – por
exemplo: aulas de criação literária ou de algo correlato;
ghostwriting;
produção cultural de eventos literários; tradução; o jornalismo.
***
4)
Mel Ferraz, booktuber do canal Literature-se, em atividade desde
2010. Vídeo Como
os booktubers ganham – publieditoriais, permuta, afiliações,
adsense.
Trata de uma das possibilidades do escritor se manter financeiramente
sendo produtor de conteúdo e “influenciador digital” no YouTube:
Falando sobre quanto as editoras e o marketing
determinam quais livros serão editados e terão maior promoção (e,
portanto, mais possibilidade de serem publicados, bem distribuídos e
sucessos de venda), Mel Ferraz insinua que os leitores, em geral,
absorvem isso passivamente sem querer questionar muito o mercado.
Considera que a mentalidade de que a literatura não passa pelo
consumo é muito arraigada. “Nós só temos os livros que tanto
amamos por causa de empresas. Editoras nada mais são do que
empresas, e os leitores mais críticos não querem parar para pensar
nisso porque é uma coisa que incomoda, sim, mas não deveria [...]”
(FERRAZ, 2017).
Quanto aos conteúdos produzidos no YouTube,
principalmente as resenhas de livros, Mel ensina que apresentar
opiniões é a chave. Elas podem ser compradas? Sim, e este é o
problema dos influenciadores. É o que os seguidores temem.
Primeira
forma de ganhar dinheiro no YouTube: o Adsense, do Google. É a forma
de monetizar os vídeos. Há coeficientes que contabilizam o quanto
de views
(visualizações) tem o vídeo e quanto o youtuber receberá por cada
view.
Empresas e patrocinadores divulgam suas marcas, seus produtos,
através dos vídeos, dos comerciais no começo dos vídeos e também
dos banners, que aparecem durante a visualização. Cada visualização
é contada, contabilizada. As empresas pagam para o Google, e a
divulgação que o booktuber faz daquela marca ou produto, vinculada
a seu conteúdo, lhe rende determinado percentual monetário, como
compensação pela promoção. É uma porcentagem bem pequena. Canais
de moda e gamers
(canais sobre jogos) são enormemente mais rentáveis.
Luisa
Accorsi, vlogueira de moda com canal no YouTube desde 2012, detalha
um pouco sobre como se dá o cálculo da monetização paga pelas
visualizações, no vídeo Quanto
um youtuber Ganha? Com valores!
: via CPM – custo por mil. Valor ganho pelo youtuber a cada 1000
visualizações recebidas. É um percentual aproximado que o youtuber
vê em gráfico gerado pelo YouTube (via algoritmos). É contada não
apenas a visualização, mas a visualização até o final, o número
de comentários e interações (clicar em 'gostei', 'não gostei',
compartilhar etc.) para aumentar o CPM.
Segunda forma: filiações com sites de livrarias, como
a Amazon. Em média, 9% de toda compra realizada utilizando os links
que o booktuber disponibiliza no seu canal (e que remetem o usuário
direto para a página de compra daquele produto na loja) ficam para
ele. Para cada livro indicado no vídeo o booktuber deixa um link
específico da obra embaixo, onde as pessoas podem acessar com um
click e comprar o livro. Também é possível disponibilizar um link
geral de um livraria (ou outra loja) em que, qualquer produto (livro
ou não) comprado através dele também rende percentual para o
booktuber.
Terceira forma: Parcerias. Basicamente uma permuta.
Editores, autores, livreiros, “presenteiam” o booktuber com
certos livros, geralmente lançamentos (muito mais vantajosos,
financeiramente, para eles), e o booktuber faz a divulgação sem
cobrar nada. Há a polêmica acerca do quanto isso, de verdade,
beneficia os produtores de conteúdo em relação às editoras, já
que é quase como se aqueles trabalhassem “de graça” enquanto,
para as editoras, é extremamente vantajosa a divulgação por meio
de blogs e canais literários. Levando em conta o tamanho do público
atingido pelos booktubers, esse é um impulsionamento de grande valor
(50.000 livros vendidos já torna um livro um bestseller. Há canais
muito influentes com muito mais do que esse número de seguidores /
potenciais compradores).
Quarta:
Publieditoriais11
– conteúdo pago por editoras, empresas (de capas para livros,
blusas, objetos temáticos etc.), autores (que financiam a divulgação
de seus livros). A expressão “publieditoriais” vem de
publicidade mesmo. Utilizados dentro do canal literário, são uma
maneira de garantir ao livro, editora ou seu autor, um espaço
- via pagamento - na atenção do público do canal (o público que
querem alcançar). A ação do booktuber, nestes casos, normalmente é
um pacote de serviços, formado por resenha, leitura, opinião
(experiência que teve com o livro). A preocupação dos seguidores
dos booktubers, em relação a este tipo de contrato, é com a
honestidade da opinião, que esperam ser sincera, não deturpada,
“comprada”.
5. Considerações
Finais
Diante do que foi apresentado é possível perceber que o fazer
literário hoje vem de um novo escritor (ciberagenciador de si
próprio e multitarefas), escrevendo um novo tipo de literatura
(totalmente influenciada pela internet – até virtualizada e
interativa), para um novo tipo de mercado (leitores diferentes,
editores diferentes etc.). Este artigo tratou, tão somente, do
escritor e, ainda assim, apenas de aspectos práticos da promoção
de sua imagem de autor e da publicação e promoção de suas obras.
Neste contexto atual, em que o autor também é seu próprio agente
literário, faz a publicidade e o marketing de suas obras, dois
problemas urgentes devem ser gerenciados: 1) o tempo para
efetivamente criar, que tem que ser dividido com tantas tarefas de
promoção e autopromoção; 2) como “viver da escrita”.
Embora sejam problemas, também são oportunidades, haja vista que
tem sido mais fácil e lucrativo ganhar dinheiro tratando de
literatura do que escrevendo literatura. Até quem jamais pretende
escrever um livro pode viver de literatura, seja como booktuber, seja
ministrando cursos, workshops ou
palestrando, produzindo resenhas para editoras, revisando originais,
fazendo coaching e
assessoria para novos autores, apresentando críticas literárias,
promovendo eventos, assim por diante. Há muitos exemplos de quem se
mantém assim, orbitando a literatura em
si. Uma
vantagem adicional é que quase todas as atividades mencionadas podem
ser realizadas sem sair de casa.
Um efeito colateral negativo é que
muitos pretensos escritores desanimam de escrever e se contentam em
coadjuvar a literatura, trabalhando nessas atividades de promoção,
que pagam melhor. Os que não desistem têm que acumular à escrita
essas funções, sobrecarregando-se com tarefas que competem, em
tempo e estímulo financeiro, com a sua arte.
Os booktubers têm se mostrado a
peça chave na promoção de qualquer livro ou autor. Alguns desses
influenciadores são celebridades da internet, contando com um
público grande e fiel. Escritores que não são booktubers tem que
ser, de alguma forma, indicados por eles (seja por amizade, seja
pagando), se querem “cair nas graças” do público leitor e ,
principalmente, das editoras tradicionais. Outras celebridades, como
atores de TV, personalidades jornalísticas ou acadêmicas,
escritores famosos, revistas importantes, podem projetar rapidamente
um escritor e uma obra se comentarem, indicarem ou fizerem alguma
leitura em seus canais.
As dicas estão aí, e foram
extraídas de exemplos de sucesso que têm se repetido
abundantemente. Embora o número de escritores tenha aumentado dia
após dia, conquistar um lugar com as próprias ferramentas e com a
liberdade de escrever o que quer, se tornou mais fácil. Ao autor,
basta promover sua arte, sua literatura, em todos os canais que
consiga administrar. Não há segredo.
6. Glossário do
jargão editorial e literário digital
Cada dia surge e desaparece nova
palavra e expressão neste glossário. Por ser um jargão, o
significado das palavras nem sempre é literal, porque funcionam como
gírias. O sentido pode até ser cambiante, mudando de significado
conforme a evolução do uso.
Alta literatura
– é a literatura considerada de alta qualidade, cultuada pelos
críticos;
Angst
-
Histórias
escritas por fãs, explorando o sofrimento emocional dos
protagonistas de suas obras favoritas.
Animal
- Seguidor
extravagante de um autor, gênero, título ou personagem. O termo
evoluiu para uma designação carinhosa.
Arco
narrativo, ou arco da história, ou arco do personagem - O
arco de personagem pode ser descrito como o que acontece com o
personagem no decorrer da história: o quanto ele muda de estado, da
A para B, do começo ao fim da obra, quanto se supera para melhor ou
pior.
Autoficção
– é um gênero híbrido, seria a junção da autobiografia com a
ficção. Ao escrever o autor mistura sua própria história com
situações fictícias;
Blogosfera
- Trata-se
do “universo” no qual atuam os blogueiros.
Bookaholic
–
um
“viciado” em livros.
Book
Ban
- Fase em que o leitor não está comprando livros, seja por falta de
dinheiro ou outro motivo qualquer.
Book
Birthday - data
de lançamento de um livro.
Book
Jar –
jarro de livros para serem lidos.
Booklovers-
amantes de livros e do que se relacione com eles: marcadores de
páginas, porta-livros, aparadores, bolsas e sacolas estilizadas,
etc.
Bookmaníaco
-
o mesmo que booknerd ou bookmaníaco. Cf.
Bookaholic.
Booknerd
–
o mesmo que bookaholic ou bookmaníaco. Cf. Bookaholic.
Bookquiz
ou
bookquest
–
jogos e questionários para aprofundar o conhecimento de certos
livros, coleções, personagens.
Bookshelf
– "tour",
em vídeo, pela própria estante de livros, apresentando-a para
outras pessoas.
Book tour – consiste
em disponibilizar (o autor, ou o editor, ou um fã, etc.) um livro
para vários leitores, para ser lido e repassado, sucessivamente.
Outra situação consiste no envio, por autores iniciantes, de seu
livro, para blogueiros, booktubers, etc., para que leiam e postem
resenhas em seus canais. Neste segundo caso, normalmente não se
espera devolução do livro, nem repasse.
Book
trailer ou
bookmovie
- Vídeo
semelhante a um trailer de filme, feito para promover a história de
um livro. É comum que seja divulgado antes mesmo do lançamento da
publicação, para despertar interesse e formar público.
Booktuber
– youtuber
que fala de livros e do que com eles se relacione, apresentando
resenhas, sugestões, comentários, entrevistas com autores,
leitores, gente do mercado editorial, etc.
Calhamaço
– livro
volumoso, com grande número de páginas.
Canon
– clássico
ou pretenso “novo clássico”.
Chick-lit
– gênero
ficcional (especialmente romances leves e divertidos) que trata de
questões femininas, especialmente relacionadas à mulher moderna.
Cliffhanger-
é um recurso de final de capítulo, fornecendo suspense para que os
leitores se interessem em continuar a leitura. Pode ser uma ação,
uma frase, uma questão em aberto, por exemplo.
CosBook
- Cosplay
e Cosplayer. Grupos de fãs usando elementos representativos,
geralmente roupas e fantasias de personagens de sua literatura ou
história em quadrinhos favorita.
Creepy
- Histórias
sombrias e sinistras escritas com recursos que objetivam impressionar
ou surpreender o leitor. É um termo ligado a Creepypastas:
histórias de terror e lendas urbanas “viralizadas” na internet.
Crossover
- Tem
um duplo significado. Duas ou mais histórias diferentes que "se
cruzam" em determinado momento através da interação de seus
personagens. Pode referir-se à interação de personagens e
histórias de diferentes lugares que, em princípio, não têm nada
em comum (nos quadrinhos há vários exemplos famosos, como o
sindicato de personagens que fizeram Marvel e DC). O termo também
abrange os títulos que são direcionadas para um público jovem ou
de jovens adultos. Também são chamados escritores crossover
aqueles
que publicam para vários públicos diferentes (adultos,
infanto-juvenis, etc.). Livros que têm enredos ou personagens que
atingem públicos diversos também são crossover.
Crush
literário – paixão
intensa por algum personagem.
Cyberspace
- É
o espaço virtual da Internet.
Distopia
- Mundos
imaginários extremos, desiguais e injustos, geralmente inspirados em
ideologias sociais opressoras. Oposto de utopia, em que tudo é bom e
belo.
Drabble
- Obras
literárias de ficção curta, teoricamente com até 100 palavras,
embora alguns considerem que com até 500 palavras.
E-book
ou
eBook
- livro
em formato digital, para ser lido em computador, tablet
ou
smartphone;
Etiquetas,
tags,
rótulos
ou
marcadores
- Palavras-chave
atribuídas aos posts de redes sociais através das quais é possível
localizar facilmente conteúdo relacionado. Por exemplo, em um
comentário sobre A Ilha Misteriosa , pode-se atribuir como tags
"Stevenson", "Ilha Misteriosa", "Classics"
ou "Jim Hawkins". Quando alguém buscar utilizando qualquer
desses termos, será direcionado para o texto.
Fã
- palavra
relacionada a fanboy
e
fangirl
. Seguidores de um escritor, livro, personagem.
Fail - Outra expressão em inglês, que significa “falhar”. É normalmente usada com uma hashtag (#Fail), para falar de algo que deu errado.
Fandom
- A
palavra é derivada de United
Fan.
União de fãs, sites ou textos criados por grupos de fãs
específicos de um escritor ou personagem, principalmente ligados à
literatura de fantasia. Pode funcionar publicitariamente (fan
advertising
– publicidade de fãs).
Fanfic,
Fan
Fiction,
ou Fic
- histórias
escritas por fãs, utilizando personagens, situações, ambientes das
histórias de que são fãs.
Fanon
ou
headcanon
- são
as teorias e invenções mirabolantes surgidas nas criações feitas
por fãs (Fanfics).
Fluff
– historinhas
leves, mornas e inofensivas que normalmente terminam bem.
Follow/Unfollow - Quando se segue uma pessoa no Twitter e vai querer ver tudo o que ela escreve, dá um Follow nela. Quando não quer mais, dá Unfollow.
Geek
- Relacionado
com o conceito de nerd, designa pessoas que estão muito interessados
em tecnologia e seu uso na vida diária.
Ghost
Writer - Escritor
fantasma. Presta serviço redigindo textos para terceiros, de forma
anônima. Ninguém jamais deve saber de sua participação na obra.
Genderbend
- (quadrinhos
japoneses). É o alter ego de uma pessoa, mas do sexo oposto.
Goodreads
- É
uma rede social para os leitores, amplamente utilizados pelos jovens,
que podem ler, comentar e votar nos livros que leem. É possível
receber reomendações de outros usuários de acordo com os gostos
pessoais indicados.
Groupware
–
ambientes ou trabalhos compartilhados. Histórias escritas a várias
mãos.
Hardback
-
livro de capa dura.
Hardcover
-
é uma versão do livro com capa dura e uma jacket (uma capa de
papel, tecido ou couro que pode ser removida).
Hashtag - Consiste de uma palavra-chave antecedida pelo símbolo #. Serve para facilitar as buscas daquele assunto na internet. Também é uma expressão bastante usada pelos usuários de internet, para destacar alguma palavra, frase ou expressão.
Hots
-romances
com temática sexual.
Idhunita
– fãs
da escritora de literatura de fantasia Laura Gallego ou de sua saga
Idhún .
Jam
literária - termo
oriundo de Jam session, reunião músicos do Jazz caracterizada pelas
improvisações. Jam literária é a sessão de escrita de improviso,
em que um autor (ou vários) escreve(m) com pessoas assistindo. Tem a
intenção de demonstrar como se dá o processo criativo.
Lateral-Story
(história paralela) - Fanfics
criados a partir de personagens originais de um autor, geralmente com
a função de explicar detalhes que não são esclarecidas nas obras
de que são fãs.
Lédis ou lista
de desejos – obras
que se pretende ler.
Leitor
Beta –
leitor qualificado, que faz a leitura crítica de um original para
apontar ao autor sugestões de correção, mudanças na narrativa
etc.
Literatura
especulativa - ficção
científica, literatura distópica, literatura de fantasia, toda
aquela que cria um mundo próprio, ilusório.
Literatura suja -
é a literatura menosprezada ou desprezada pelos críticos
literários. Embora não significa que seja de baixa qualidade.
LOL - “Laughing out loud”, rindo alto, usado quando se acha alguma coisa muito engraçada.
Long
Sellers - são
os Best-sellers que sobrevivem ao tempo (e às “modinhas”).
Marcadores
- O
mesmo que rótulos e etiquetas. Cf. Etiquetas.
Meme – são virais, conteúdos reproduzidos enormemente e muito rapidamente pelos internautas.
Meme
Literário – Virais,
piadas sobre escritores, cartunistas, personagens fictícios ou obras
literárias que são disseminadas através de redes sociais.
Monetizar
- Transformar
em dinheiro, gerar lucro.
Narniano
-
fã das Crõnicas de Nárnia.
Network
– rede
de contatos pessoais.
New
Adult (NA) - Livro
com personagens na faixa etária de 19 a 25 anos, iniciando a vida
adulta e geralmente na universidade.
Noivo ou Noiva
- Envolvimento
real, imaginado ou sugerido pelos fãs, entre personagens que fazem
parte de uma obra de ficção.
One-shot -
obra literária conclusiva, sem possibilidade de continuação.
Olimpiano
ou
Semi-deus -
fã de Percy Jackson
OTP
– personagens
"destinados a ficar juntos".Os duetos favoritos de fãs e
escritores.
Page-turner
- Textos
que envolvem o leitor, que não consegue parar de ler até atingir o
capítulo final.
Paperback –
livro com capa comum e sem orelhas.
Peripécia (Greek:
Περιπέτεια) ou mudança súbita é um termo da poética
clássica que significa uma reversão das circunstâncias dadas. Na
ficção é comum que os protagonistas vivam várias peripécias ao
longo da história. O escritor, para tornar a história emocionante,
inclui ações repentinas e inesperadas. Neste sentido, a peripécia
funciona como uma mudança imprevista no curso dos acontecimentos.
Pitching
- Defesa
oral, apresentação oral de algo (de um livro, por exemplo).
Plot
-
enredo, os eventos da história.
Plot
twist -
peripécia. É a chamada reviravolta. A mudança radical na direção
do enredo.
Pocket -
a edição de bolso.
POV
(point of view) - Ponto
de vista em que a história está sendo contada.
Poser -
pessoa que finge ser fã apenas para estar na moda. Falsos fãs.
Geralmente é aquele leitor que só lê o que todo mundo está lendo
ou muitas vezes nem lê mas finge ser fã de um livro ou série
apenas para se enturmar.
Post – publicação,
postagem.
Postureo
- expressão
espanhola. Ato de escrever ou falar em vídeo, e de forma normalmente
rasa, sobre temas bem vistos na comunidade leitora, tendo o cuidado
de dizer "só o que eles querem ouvir", para se dar bem com
todos.
Potterhead,
Pottermore – comunidade
dos
maiores
fãs da saga Harry Potter. Geralmente tem todos os materiais
publicados deste personagem (filmes, livros, cartazes e até mesmo
varinhas...), além de dirigirem suas vidas inspirados no personagem.
Prequel
-
uma obra cuja história trata dos eventos que ocorreram antes da
história principal, explicando como vieram a ocorrer.
Procrastinar
– termo
usado
por youtubers muito populares. Consiste, no Youtube, em uma
crítica/elogio àqueles que deveriam estar fazendo coisas essenciais
em vez de falando o dia todo de livros.
Publisher
- editor
Quotes
- frases,
citações, partes favoritas de um livro.
Reply - resposta. Alguém menciona você na rede social e você responde a pessoa com um Reply.
Resenha
- é
a síntese ou resumo descritivo e crítico do conteúdo de uma obra.
Ressaca
Literária - tem
duas definições distintas. 1) Quando alguém termina a leitura e
não consegue se desligar do livro, mesmo tendo começado a ler
outro. 2) Quando alguém não consegue ler, porque não tem
vontade, porque a leitura não flui ou porque, simplesmente, vai
deixar de ler por algum tempo.
Rótulos
- o
mesmo que etiquetas ou marcadores. Cf. Etiquetas.
Sentada
- ato de sentar para ler. Não existe unanimidade para dizer quanto
tempo ela deve durar, mas ela tem que ser breve. Quando alguém diz
que determinado livro dá para ler em uma sentada, quer dizer que é
curto, rápido de ler.
Shippar
- É quando o leitor se identifica com um casal do enredo e torce
para que eles fiquem juntos no final do livro.
Sick-lit
- em inglês sick:
doença. São histórias focadas em personagens com doenças
terminais, depressão ou tendências suicidas.
Spam - mensagem padrão enviada para muitas pessoas de uma só vez e que, geralmente, o usuário não pediu para receber.
Stalkear
- é
uma gíria baseada na palavra inglesa stalker, que significa
literalmente "perseguidor". Assim, esse "verbo"
costuma ser usado para se referir ao ato de "espionar" ou
"perseguir" as atividades de determinada pessoa nas redes
sociais.
Tags
–
etiqueta, rótulo.
Taguear
– marcar,
etiquetar.
TBR
- To
Be Read. Os livros "parados" na estante que ainda serão
lidos. Os blogueiros costumam fazer a famosa Book
Jar com
os nomes desses livros.
TBR
Book Jar –
jarro de livros para serem lidos.
Thriller
- livros
de suspense e mistério, terror psicológico, conspiração e tramas
policiais.
Torcedor
- leitor
que espera reviravoltas inesperadas em livros ou filmes. Incluindo
mortes, ressurreições, viagens temporais e coisas mágicas.
Trollar ou tolar – tirar sarro.
Trovador
- leitor
que gosta de contar, coloquialmente, a história do que leu, para
impressionar os outros.
Twittar – escrever no Twitter. O Twitter é uma rede social que funciona como um blog, mas suas postagens se limitam a 140 caracteres (cerca de duas linhas para cada tuite).
Universo
Alternativo (AU) - consiste
em mover a ação para um espaço / tempo real diferente.
Viral
– Cf.
meme.
Vlog e Vlogger
– semelhante
a blog, só que com postagens em vídeo.
Wattpad
– aplicativo
de compartilhamento de contos, livros, que revelou inúmeros autores
e os levou a publicar tradicionalmente (livro físico).
Whovian
- fã
da série Doctor Who. Quase todos os seguidores de uma saga literária
ou título emblemático (geralmente best-sellers ) têm um apelido
assim.
Wrap-up
–
lista dos livros lidos em um mês pelo booktuber.
Young
Adult (YA) - livros
voltados para o público Young
Adult
(Jovens Adultos) uma faixa que vai dos 18 aos 30 anos
aproximadamente. Os personagens são jovens saindo da adolescência e
entrando na vida adulta, assim como o público ao qual são
destinados os livros.
Youtubers
–
quem posta vídeos no YouTube e ganhou certa popularidade com isso.
Referências
Bibliográficas e Digitais
ACCORSI.
Luisa. Quanto
um Youtuber Ganha? Com Valores!
2017. (8m49s). Disponível em: <https://youtu.be/6E7dP0RLHgE>.
Acessado em: 1 jul 2018.
BUGALHO,
Henry Alfred. Como
promover a sua carreira literária.
Vlog do Escritor. 2017. (5m15s). Disponível em:
<https://youtu.be/f7GwyA6bcWA>. Acessado em 1 jul 2018.
FERRAZ,
Mel. Como
os booktubers ganham – publieditoriais, permuta, afiliações,
adsense.
Literature-se. 2017. (13m22s). Disponível em:
<https://youtu.be/bhU6FVwG7mg>. Acessado em 1 jul 2018.
HERRAMIENTAS de
Promoción para Escritores. Escritores.org, Sant Cugat
(Espanha), [2018?]. Herramientas. Disponível em:
<https://www.escritores.org/herramientas-de-promocion>. Acesso
em: 14 ago 2018.
IRIARTE,
Flávia. Aumentando
suas chances de publicação.
2016. Canal Carreira Literária. (44m31s). Disponível em:
<https://youtu.be/wUiPcRJiVh0>. Acessado em 1 jul 2018.
JESUS, Eduardo de.
Prefácio. In: RENA. Alemar Silva Araújo. Do
autor
tradicional ao agenciador cibernético.
– São Paulo: Annablume, 2009.
JULIE & Julia. Direção: Nora
Ephron. Produção: Nora Ephron, Laurence Mark, Amy Robinson, Eric
Steel. Intérpretes:
Meryl Streep,
Amy Adams, Stanley Tucci, Chris Messina e outros. Roteiro: Nora
Ephron. Trilha sonora: Alexandre Desplat. EUA: Easy There Tiger
Productions, Columbia Pictures, Scott Rudin Productions, 2009. 1 DVD
(123 min), Widescreen
1.85:1 anamórfico .
Distribuído no Brasil por Sony Pictures. Baseado no livro “Julie &
Julia”, de Julie Powell.
NOVAES,
Tiago. Como
vive um escritor?
2018. Canal Escrita Criativa. (9m12s). Disponível em:
<https://youtu.be/gQw6TiLPhUk>. Acessado em 16 ago 2018.
RENA. Alemar Silva Araújo. Do
autor
tradicional ao agenciador cibernético.
– São Paulo: Annablume, 2009. 140 p.
Notas
1 Mestre em Direito, Relações Internacionais e
Desenvolvimento (PUC-GO); pós-graduações em Português, Língua e
Literatura (Metodista – SP), em Assessoria de Comunicação e
Marketing (UFG), em Direito Penal (UFG), em Análise Criminal
(FASEM), em Direito Privado (FESURV) e em Direito Processual
(FESURV); graduado em Direito (PUC-GO).
2
Deliberadamente, não se fará aqui a discussão do pressuposto que
parecia mais lógico, em um passado até recente, para o sucesso de
um autor: a boa narrativa, o estilo próprio, a boa técnica. O
mercado fast
reading atual
segue regras próprias de consumo, atendendo a tendências de moda, à
evidenciação e espetacularização do autor, também sendo, muitas
vezes, recorrência de outras mídias (filmes, séries, games,
redes sociais etc.), em um movimento muito mais errático do que há
poucos anos, quando as editoras é que decidiam quem dizia o quê,
como e para quem. Mas a questão da qualidade do que vem sendo
publicado de forma independente e imposto ao mercado tradicional não
cabe aqui, merecendo uma análise extensa, isenta e criteriosa, à
luz da Teoria, da Crítica, e da História literárias.
3 Cf. o item Referências Bibliográficas e Digitais.
4
O romance autobiográfico Julie
e Julia,
contando a experiência, foi publicado no Brasil pela Editora Record.
5 Hiperlink é o ponto de partida para os links, que são
trechos de texto destacados ou botões virtuais que, ao serem
clicados, provocam a exibição de outro arquivo ou outra página da
WEB.
6 Cf. Glossário do Jargão Editorial e Literário
Digital.
7 Referências teóricas publicads na forma textual.
8
Quanto a abordagem a pesquisa foi qualitativa
–
investigação científica focada no caráter subjetivo do objeto sob
análise. Selecionou-se um conjunto de atividades para o candidato a
ser publicado por editora tradicional e foram apresentados argumentos
que validassem os itens sugeridos.
Em
relação à natureza da pesquisa, foi aplicada,
ou seja, teve por objetivo gerar conhecimento para aplicação
prática, dirigido à solução de problema específico (facilitar a
publicação do autor de primeiro original no mercado fechado das
editoras tradicionais).
Tratando
de objetivos, a pesquisa foi exploratória,
visando a familiarização com o problema (como o escritor de
primeiro livro de ficção deve agir, do que dispõe, para fazer seu
original ser aceito pela editora tradicional e emplacar – tendo
ampliação de público e indução positiva de crítica –,
possibilitando-o continuar a publicar?), tornando mais explícito e
contextualizado, além de tentar sugerir alternativas ou medidas
possíveis.
9 Método lógico que avança da particularidade para a
generalização. O artigo trata das dificuldades do escritor de
primeiro livro em ter seu original aceito pelas editoras tradicionais
(embora isso também seja uma generalização, nem todos encontram as
mesmas condições) para criar um lista de recursos que, se
utilizados, supostamente trarão a solução para o problema.
10 Cf. Referências Bibliográficas e Digitais.
11 O mesmo que “publiposts”, mas específico para
livros ou produtos a eles relacionados. O publipost ou post
patrocinado, acontece quando uma marca propõe que blogueiros e
pessoas com forte influência digital (baseada em grandes números de
visualizações e seguidores) divulguem os produtos de sua marca nas
redes sociais. Tudo isso, com algum tipo de custo, claro.