Escultura de duas senhoras fofocando na cidade de Sindelfingen, na Alemanha. |
Mexeriqueira
Juliano Barreto Rodrigues
Valei-me, dona Micárdia!
Que com a mão na taramela
Arrulha rumo aos ditosos
Passantes na rua
Cheia de fofoquilhas e futriquices
Depositária dos alheios segredos
Que dessecreta
Tão logo os recebe.
Que não tem boca para guardar palavra
E faz circular na feira a vida vizinha
Acha feio a boca miúda
Prefere muito a de sacola.
Ave, língua ferina,
Ciciante atiçadora de brasa.
O que seria da vida dos sem-graça,
Se não fosse o se meter na vida alheia?