CRISES
DE IMAGEM AUTO-INFLIGIDAS: FAKE NEWS NA ERA DA
PÓS-VERDADE
Juliano
Barreto Rodrigues
“Não
preste atenção no que escrevem de ti, só meça [o texto] em
centímetros”. Andy Warhol
|
1.
Pós-verdade e Fake
News
“Pós-verdade”, expressão
eleita pelo Oxford Dicionaries como a palavra do ano em 2016, é um
adjetivo que qualifica uma era em que os fatos objetivos valem menos
do que os “achismos”, as conjecturas. Ou seja, um tempo em que o
apelo às crenças pessoais e à emoção influenciam mais a opinião
pública do que a realidade dos fatos. Na prática, evidencia a
criação e utilização deliberada da mentira (pura e simples ou bem
elaborada), para determinado fim, alcançável via canais de
comunicação.
A maior
dificuldade é que a notícia checada e bem veiculada está em baixa
e disputa espaço com a notícia informal, produzida e propagada
pelas redes sociais. Estas, por sua vez, privilegiam a comunicação
'não oficial' chegando a casos como do Facebook, que alterou seus
algoritmos para limitar a postagem dos sites de notícias em
benefício das postagens pessoais, meramente opinativas. Pior ainda,
estamos na época do “telefone sem fio”, aquela brincadeira em
que um enunciado vai sendo repassado (e aumentado ou diminuído,
ainda que não intencionalmente), até que se torne totalmente
distorcido.
Uma notícia
veiculada na rádio no dia 1º de março de 2018 informou que as
agências de comunicação estão, preponderantemente, aproveitando
conteúdo já repercutido, maquiando-o para não ser considerado
plágio, e replicando-o em seus próprios canais. O problema é que,
nesse processo de “maquiagem”, quem reconta aumenta um ponto: sem
checar ou aprofundar dá sua nuance, sua interpretação, argumenta
algo, sugere e supõe. E sempre para mais, para satisfazer aquilo que
Guy Debord classificou como a “Sociedade do Espetáculo”, e que
Mário Rosa identifica mais apropriadamente – para os fins da
discussão deste ensaio – como a “Era do Escândalo”.
2.
Novas regras da produção de conteúdo?
A
comunicação, a própria construção da informação em si, deixou
de ser racional para ser emocional. Ou, talvez, o standard
de raciocínio tenha mudado, exigindo superlativos, adjetivações,
inferências mediadas pela sensação). Nessa lógica, é preciso
certa 'pirotecnia'1
para causar algum efeito: qualquer experiência de êxtase - seja
consumista, ou de satisfação com o bem ou mal alheios, ou
especulativo, ou sensível, etc.
O alcance
de qualquer coisa mediada por tecnologia digital é facilmente
mensurável, os próprios sistemas apresentam dados e números de
acesso, compartilhamento e interação. Assim, como tem acontecido em
outros meios comunicacionais (como o editorial de livros, por
exemplo), o critério mercadológico de seleção de produtos de
comunicação que tem sido mais usado consiste em aproveitar, ou
reaproveitar, aquilo que já está “estourado”, que já
repercutiu ou viralizou, cujo retorno já está, portanto, garantido.
3.
Fake News
Mesmo no
âmbito da comunicação profissional é visível o advento do
momento (talvez uma era) da pós-verdade. Um exemplo grotesco é o
caso da falsa entrevista com supostos integrantes do PCC no programa
do apresentador Gugu Liberato:
No dia 7 de
setembro de 2003 o apresentador Gugu Liberato exibiu em seu programa
a gravação de uma entrevista, realizada pelo repórter do Programa
do Ratinho Wagner Maffezoli, de dois supostos criminosos do PCC.
No vídeo,
eles ameaçavam José Luiz Datena, Marcelo Rezende, o prefeito de São
Paulo, o comentarista de futebol Oscar Roberto Godói. Apresentaram
até uma arma. Ainda disseram ter sido os responsáveis pela
tentativa de sequestro do padre Marcelo Rossi.
Tudo
mentira. Um dos líderes do PCC chegou a telefonar para Marcelo
Rezende contestando que os entrevistados pertencessem à facção. A
arma ostentada era de Hamilton Tadeu dos Santos, que trabalha na
produção do SBT.
Todos os
ameaçados se insurgiram contra a reportagem. Oscar Roberto Godói
ganhou na Justiça direito a uma indenização de 250 mil reais (do
valor ainda caberia recurso). A Polícia Civil instaurou inquérito
para apurar a falsidade, que foi confirmada. O programa do Gugu ficou
uma semana fora do ar e os responsáveis, incluindo Gugu, foram
indiciados.
Nesse
contexto, a mídia concorrente explorou ao máximo o erro do
programa, que passou a procurar meios jurídicos para evitar a
superexposição. O programa perdeu, mas muitos ganharam com a crise
alheia.
O ano 2012
talvez tenha sido o auge do então chamado Jornalismo Mentira no
Brasil. Alegando, em sua defesa, serem de sites humorísticos,
jornalistas criavam notícias absurdas e boatos, aparentemente sem
qualquer problema de consciência. A questão é que não dá para
controlar o caminho da notícia, ela extrapola o site original e vai
sendo repassada como verdade até que alguém faça o caminho inverso
e descubra que era “brincadeira”.
Benedict
Carey, do New York Times, em artigo2
de 2017, disse que “os algoritmos das redes sociais funcionam, de
certa maneira, como a seleção evolucionária: a maioria das
mentiras e dos rumores falsos não se espalha, mas os raros que
possuem ‘mutações’ atraentes de mitos urbanos encontram tração
psicológica e então se tornam virais”. Talvez ele seja muito
otimista, pois, ao que parece, não é uma minoria de boatos que se
espalha, mas a maioria.
Nos últimos
anos a pressão – jurídica (através das inúmeras ações pedindo
indenização por danos morais) e dos próprios pares (profissionais
de comunicação com uma visão ética tradicional e conselhos de
classe) – fez com que um maior cuidado3
para lançar mentiras fosse tomado (notícias não assinadas, sites
com domínio no exterior, agências somente virtuais, etc.) sem, no
entanto, diminuir a ocorrência do problema.
Em 29 de
setembro de 2012 o jornalista Nelito Fernandes, do site de humor O
Sensacionalista, criou a notícia falsa “Casal de São Paulo batiza
o filho como Facebookson e causa polêmica no mundo”. A notícia
viralizou e foi replicada por jornais reais, como o “Alagoas 24
Horas” e “O Impacto”, da Paraíba.
Mariana
Figueiras, em matéria publicada em 2012 no O Globo, intitulada É
Tudo Mentira, falou do caso Facebookson e trouxe mais alguns
exemplos:
Em
julho do ano passado, o vídeo “Camelô vende kit para fabricar
falsos mendigos no Centro do Rio” foi debatido, como se fosse real,
em programas de rádio. Antes disso, em abril, a tirada “Angela
Bismarchi anuncia que vai implantar o terceiro seio” virou ma
reportagem na Rede TV!. Em 2010, suposta notícia “Mulher engravida
assistindo a filme pornô 3D” foi publicada no português “Diário
de Notícias” e até no conceituado site de tecnologia Gizmodo, que
logo depois retirou o link do ar.
Rafael
Gustavo Neves, editor do jornal real “A Gazeta do Agreste” criou
– após ver a repercussão de uma brincadeira que postou (mais de
um milhão de visualizações), dizendo que o bilionário Mark
Zuckerberg não queria que nós, pobres tupiniquins, “orkutizássemos”
seu reino azul-lavanda – um site de humor declarado, o G17, para
chamar atenção para seu jornal real, o “Gazeta do Agreste”. A
motivação? Disse ter percebido que só notícias curiosas têm
muitos acessos.
4.
Celebridades e as crises auto-infligidas
Em
um âmbito mais particular, das celebridades (consagradas ou
instantâneas), um outro fenômeno chama a atenção: a criação
deliberada de notícias e flagrantes falsos, pelas suas próprias
assessorias de comunicação. Vale tudo para aparecer. “Celebridade
requer presença ativa na mídia [...]. Existem então alguns
pré-requisitos para chegar lá, e o principal deles é não ter medo
do ridículo.” (ARANTES, 2009, pág. 15). Essas falsas crises de
imagem são estratégicas e seguem uma lógica maquiavélica do 'crie
a crise para se manter no imaginário', por
que leitores,
expectadores, ouvintes, internautas (toda gente, de forma geral)
adoram um enredo, a
polêmica. Plantada a querela, a assessoria passa a gerir a crise que
criou, de modo a vitimizar e manter em evidência seu assessorado
pelo maior tempo possível, revertendo toda a notoriedade
positivamente.
Talvez
o exemplo mais comum do emprego desse tipo de artifício pelas
celebridades belas, que estão com a imagem meio fria, seja a
história do vazamento de nudes
(muitas vezes com fotografias tratadas, com qualidade de estúdio). O
modelo Paulo Zulu disse ter mandado, por erro, suas fotos íntimas
para as redes sociais. A apresentadora americana Kim Kardashian já
faz até questão de que suas imagens circulem. E o flagrante da
troca de roupa de Jéssica Lopes (participante do reality show “Casa
Bonita”, do Multishow), no aeroporto de São Paulo, dentro do carro
e de porta aberta? É claro que os envolvidos e suas assessorias
negam que foi de propósito, mas todas as histórias têm
inconsistências que levam a indícios de que foi tudo preparado.
Celebridades amam suas carreiras e sabem (suas assessorias também)
que estão sempre vigiadas e que em todos os lugares existe gente
querendo devassar sua intimidade, ou seja, estão cientes de que
estão superexpostas e precisam resguardar sua imagem muito mais do
que as pessoas não famosas. Seria muita ingenuidade acreditar que se
descuidam tanto com algo tão básico, a exposição de cunho sexual
– que sempre gera destaques na mídia.
É comum
quem fala de celebridades fazer uma distinção entre celebridade
consagrada pelo trabalho sério e celebridade instantânea, que
aconteceu por acidente (um vídeo íntimo que vazou na internet ou o
namoro com alguém famoso, por exemplo) e cujo trabalho é se manter
nos assuntos do dia. Há assessorias para os dois tipos de
perfil. Não que algumas celebridades consagradas que estão em baixa
às vezes não se valham dos expedientes das instantâneas, contando
com todo o suporte e planejamento de suas assessorias.
Danilo Faro
assessora celebridades consagradas (Tiago Abravanel, Rodrigo Faro).
Cacau Oliver assessora celebridades instantâneas, como Andressa
Urach, Joana Machado e a “Peladona de Congonhas”. Em entrevista
para o site R7 eles falam um pouco de seu trabalho de assessoria:
O
projeto de Oliver para fama demora de três meses a um ano. E, para
isso, haja paparazzo de plantão para flagras, roupas coladas nos
aeroportos, mudar o nome para deixar mais vendável, maquiagem pesada
logo pela manhã e, ops!, uma foto comprometedora em que a
assessorada mostra demais. Na agência de Faro, o trabalho é
divulgar seus clientes em veículos certeiros, dar conselhos ao
assessorado sobre qual campanha fechar contrato, em que evento ir e,
até mesmo, opinar no comprimento das roupas das atrizes. [...]Tenho
cuidado para que eles não passem a imagem errada. (PERES, 2013).
Falando
da crises de conveniência, armadas como estratégia de projeção,
há casos em que é mais difícil entender como determinadas fakes
podem ser vantajosas para os assessorados. Mas tudo é questão de
ver em um nível abaixo do 'circo' apresentado: é o caso de cantores
que têm sucesso desde a infância com músicas pop e que, de
repente, querem partir para uma carreira de roqueiros, por exemplo.
Para desvencilharem-se daquela imagem 'boazinha', associada à sua
trajetória, são flagrados em brigas forjadas, ou pichando muros, ou
usando drogas, etc. Têm que ter a representação de rebeldia que se
espera deles.
As razões
para tal comportamento são as mesmas que levam, por exemplo, alguns
jovens condenados criminalmente a usar tornozeleira eletrônica a
andarem de bermuda de modo a ostentar o “assessório” como um
troféu. Se a imagem, para o público geral é negativa, é adequada
para certos públicos que quer atingir, passando a impressão de
forte, perigoso, etc. A ideia é trocar a macro-opinião negativa
pela positiva do nicho em que estão inseridos.
Sobre o
consenso social tácito acerca da 'necessidade' da construção da
imagem pessoal ideal – ainda que falsa:
Goffman,
em seu livro A Representação do Eu na Vida Cotidiana, demonstrou
como os atores da vida social são levados a representar os papéis
que deles se espera e que há uma certa polícia dos costumes que
rechaça aqueles que trazem discursos discrepantes. […].
Nesse
jogo não há ética, vale a roupa falsificada, os óculos
emprestados, tirar foto no carro do vizinho. […]. (RODRIGUES, 2018)
E,
logicamente, inventar ou aumentar histórias, criar cenas, montar
flagrantes.
A imagem em
si representa um certo tipo de capital (Cf., nesse sentido, o livro
Capital Erótico, de Catherine Hakim). As redes sociais, mais que
outros meios, facilitam a hiperexposição e o alcance – sem filtro
ou censura – da voz individual, estimulando o sonho da celebrização
(ainda que por “15 segundos de fama”) ou a permanência, a todo
custo, da situação de celebridade já alcançada.
Qualquer
polêmica ou bizarrice ‘vende’. Quem depende de mídia não pode
apresentar rotina. Nisso, vale até aparecer “se dando mal”.
Antiético? Até aí, não! Mas quando se passa a inventar histórias,
enganando o público, sim! Porque é diferente inventar, por exemplo,
um roteiro de filme, uma ficção literária, uma peça de teatro:
embora as pessoas ‘entrem’ na história, não estão sendo
enganadas, sabem que é invenção, compactuam conscientemente com
uma ilusão.
5.
Ponderações éticas
Redações
de jornais, Assessorias de comunicação, Agências publicitárias,
etc., são empresas compostas por profissões formais, representadas
por conselhos ciosos pela boa imagem de seu segmento. Hoje, os
indivíduos têm por sobrenome a profissão e cargo que ocupam:
“Fulano, advogado sênior da...”, ou seja, ações alheias que
denigrem seu ofício os atingem, consequentemente. Assim, no âmbito
do assunto em discussão, quem cria incêndios para, em seguida, ter
que apagar, está prestando um desserviço, ocupando o tempo e os
recursos dos interessados (de boa fé) de forma inútil, socialmente
falando. ‘Queimam’ o conceito que as pessoas têm de uma
profissão, o que atinge diretamente todos os profissionais da área.
Aceitar uma
era da pós-verdade é dizer que a verdade simplesmente deixou de ter
valor e que a realidade pode ser apenas virtual, não precisa ser
fática. É tomar o imaginado por concreto, como acreditar na
fantasia que se veste ou construir para si uma casa de tijolos de
fumaça. É preciso puxar o “freio de emergência”, de que falava
Turke (2010). Fugir da realidade até pode ser terapêutico, mas no
mundo real as pessoas têm fome real - de comida, cultura, afeto,
informação, respeito, etc. –, não dá para perder tempo
brincando com o que é sério. Toda profissão tem uma função
social. Se, pelo menos os profissionais (de comunicação),
resgatarem essa consciência, muito já terá sido feito.
Notas:
1
No sentido foucaultiano mesmo, de sempre pôr um “mas” diante de
uma afirmação, axioma ou dogma, futricando e conjecturando, criando
um círculo interminável de mexericos e tagarelice, estendendo o fio
dos argumentos além dos limites, até desconstruir o objeto da
discussão. Desconstruído o ponto pelo desgaste, e sem deixar
qualquer proposta de construção de alternativa, simplesmente
passa-se para o próximo alvo. A crítica, a polêmica, é que
protagonizam (porque causam efeito).
2
Cf. CAREY,
Benedict. Psicologia explica circulação de ‘fake news’, dizem
especialistas. Folha de São Paulo. 28 out. 2017.
3
Um jogo, lançado pela Universidade de Cambridge em 20 de fevereiro
de 2018, chamado fakenewsgame.org, estimula estudantes a criar boatos
e notícias falsas para, com essa experiência, aprender a
combatê-los melhor. Como justificou Sander van del Linden, diretor
do Laboratório de Tomada de Decisões da Universidade, "Se você
sabe como é estar na pele de uma pessoa que tenta ativamente te
enganar, sua capacidade de perceber e resistir a tais técnicas
aumenta". É o que ele chama de “teoria da inoculação”.
Referências
ARANTES, Marcelo. A antietiqueta dos novos famosos: Guia para uma celebridade instantânea. Rio de Janeiro: Frutos, 2009.
CAREY, Benedict. Psicologia explica circulação de ‘fake news’, dizem especialistas. New York Times. Folha de São Paulo. 28 out. 2017. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1931213-psicologia-explica-circulacao-de-fake-news-dizem-especialistas.shtml> . Acessado em 03 mar. 2018.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Projeto Perifeira, 2003. Disponível em: <http://www.cisc.org.br/portal/biblioteca/socespetaculo.pdf> . Acessado em 02, mar. 2018.
FOUCAULT, Michel. Eu Sou Um Pirotécnico. In: POL-DROIT, R. ; FOUCAULT, M. Entrevistas. São Paulo: Graal, 2006, p. 67-100.
GOFFMAN, Erving. A representação do Eu na vida cotidiana. Petrópolis: Vozes , 1985.
HAKIM, Catherine. Capital erótico: Pessoas atraentes são mais vem sucedidas. A ciência garante. Rio de Janeiro: Best Seller, 2013.
PERES, Thalita. Subcelebridades X celebridades: entenda como se cria a imagem pública de um famoso – Aassessores explicam como aconselham seus clientes famosos para conseguir um lugar ao sol. R7. 01 set. 2013. Disponível em: <https://diversao.r7.com/tv-e-entretenimento/subcelebridades-x-celebridades-entenda-como-se-cria-a-imagem-publica-de-um-famoso-09062017> . Acessado em 04 mar. 2018.
RODRIGUES, Juliano Barreto. Ostentando o Ouro de Tolo. Coletivo sem Ponto. 2015. Disponível em <http://coletivosemponto.blogspot.com.br/2015/03/ostentantdo-o-ouro-de-tolo.html> . Acessado em 02 mar. 2018.
ROSA, Mário. A Era do Escândalo. São Paulo: Geração Editorial, 2013.
TURCKE, Christoph. Sociedade Excitada: Filosofia da sensação. Campinas: Ed. Unicamp, 2010.
Resumo
O
texto, um artigo de opinião, trata das Fake
News (notícias
falsas), dentro do contexto filosófico de Pós-verdade que, segundo
muitos estudiosos dos fenômenos atuais de comunicação, caracteriza
nossa interlocução contemporânea, ultramediada pela tecnologia.
Nessa perspectiva, especifica-se o tema fechando o foco sobre as
crises de imagens auto-infligidas: crises criadas por notícias ou
flagrantes, “montados”, pelas celebridades e suas assessorias,
com o fim de manter a celebridade na mídia a todo custo. Esse
fenômeno é tratado como reflexo do deslocamento da titularidade da
comunicação midiatizada - dos órgãos para os usuários -
consequência das redes sociais e das outras formas de interação
via internet e tecnologia mobile.
Por fim, após apresentar exemplos e comentários, são feitas
ponderações éticas sobre os profissionais de comunicação,
principalmente as assessorias de celebridades, para justificar a
necessidade de “puxar o freio de emergência” com o fim de
garantir o respeito à função social das profissões de
comunicação.
Crises de imagem; Fake News; Pós-verdade; Assessorias de Comunicação; ética profissional