Há poetas e poemas que são irretocáveis. Assim são "Consoada", de Manuel Bandeira, "Amor Eterno", de Gustavo Adolfo Bécquer e "Despertáculo", de Pio Vargas. Também o "Fausto", de Goethe, mas nesse caso parece que o diluente é muito e dissolve o princípio ativo demais (é excessivamente longo).
Inspirado na "Consoada" surgiu minha "Consoada deturpada". Incriada, surgiu pronta, da alma, como se psicografada (rsrsrs). Veja primeiro o poema de Manuel Bandeira e depois o meu:
Consoada
Manuel Bandeira
(Não sei se dura ou caroável),
talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
Consoada
deturpada
Juliano
Barreto Rodrigues.
Quando a
Indesejada das gentes chegar
Que venha
‘tsunâmica’,
Bruta e
apressadíssima,
Quase sem
tempo para mim.
Talvez,
ironicamente eu sorria,
Mas
espero não ter tempo de dizer nada.
Não sei
se a casa estará limpa
Ou a mesa
posta.
Mas, com
certeza,
Já
estarei quase passando de pronto.
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