O Coletivo

Blog do escritor Juliano Rodrigues. Aberto a textos gostosos de quem quer que seja. Contato: julianorodrigues.escritor@gmail.com

quarta-feira, 25 de novembro de 2015



SANGUÍNEA

                                            Juliano Barreto Rodrigues


Acossada, rastreio a trilha.
Ainda que a fuste lanhe o dorso
Sigo correndo desabalada
E só de esgueio vejo o algoz.

Não há o que me pare!
Só se o perseguidor me mutilar ou matar.
Vou sôfrega em direção à minha vítima.
E mesmo levando o carrasco às costas, não me detenho.

Sigo em busca da minha vingança,
E ainda que também me consuma,
Não saio da briga sem minha desforra.
Se sobrar, depois me volto contra este que me surra.

E o atravessarei na haste feito caça no espeto
Queimarei seu corpo empalado
E comerei seus ossos.
Só por ter tentado me impedir.

Virei fera, bicho acuado e ferido,
Que ataca o que vier à frente.
Cega de ódio e faminta de morte,
Esfacelo-me, indiferente.

Basta que misture nosso sangue no soalho.
Se sobrarem um ou dois na mortalha,
Tanto faz,
Isso já não me diz nada.

Se, para me vingar, tiver que ir junto,
Assim será.
Pois de nada me valerá viver neste mundo
Sem a viveza deste ódio imundo.



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