Juliano Barreto Rodrigues
Dia desses cometi o sacrilégio de ler o comecinho de um
livro e, logo em seguida, correr para o final para ver o que tinha
acontecido.
A despeito dos meus motivos – não era um livro meu e
nem estava na minha infindável lista de leituras urgentes – foi
uma experiência inédita e gratificante, que pretendo (confesso!)
repetir.
Explico: o título “A Insustentável leveza do ser”
(Milan Kundera) induz, por si só, divagações filosóficas e
levanta possibilidades narrativas mais ou menos previsíveis. Não
vou me aprofundar dizendo o que pensei e previ para não frustrar
quem queira repetir o experimento. Li, então, as primeiras quatro
páginas, que deram mais pistas, e elaborei uma hipótese de fim da
história. Daí parti para a leitura das últimas páginas para ver
se confirmavam minha ideia.
Foi muito interessante. O título é incrível e resume
o enredo. Obviamente, um grande texto literário é muito maior do
que a história que conta. A forma de contar é que protagoniza.
Mas o fato que interessa aqui é que
acertei o final.
Pretendo me redimir do meu pecado, lendo o livro todo.
Mas também pretendo fazer a mesma experiência com outras obras com
títulos igualmente sugestivos, do tipo “Tudo que é sólido
desmancha no ar” (Marshall Berman), ou “Amor é tudo que nós
dissemos que não era” (Bukowski).
Posso falar bastante do livro de Kundera sem conhecê-lo
a fundo. Mas o que diria seria uma aproximação leviana a qual
recorreria só se me apertassem (me lembrei da obra “Como falar dos
livros que não lemos”, de Pierre Bayard). De toda forma, reitero
que foi um exercício produtivo e prazeroso (mas não sem alguma
talisca de culpa). Tentem.
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