PALAVRA-CHAVE
Juliano Barreto Rodrigues
E o verbo se fez substantivo e habitou entre nós.
Elogiando a própria criação, Deus a adjetivou.
No esforço de unir todas as coisas, fez conjunções,
preposições e conectivos de forma geral.
O Diabo criou os advérbios, os sobrenomes e palavras
novas, tipo “cerca”, “dinheiro”, “meu”, “sou”,
“tenho” etc., investiu nos duplos sentidos, estigmatizou a maçã
e, principalmente, estimulou a fragmentação, facilitando o
surgimento de uma Babel de línguas diferentes.
De modo que a palavra, antes sagrada, dessacralizou-se,
profanou-se. A partir dela – que passou a servir, na mesma medida,
a Deus e ao Diabo – tornou-se fácil, aos homens, ir ao céu e ao
inferno. Assim, de todas, só uma palavra restou definitiva:
ESCOLHA!
Nenhum comentário:
Postar um comentário