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Blog do escritor Juliano Rodrigues. Aberto a textos gostosos de quem quer que seja. Contato: julianorodrigues.escritor@gmail.com

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Alienígenas Invadem a Capital do Estado



ALIENÍGENAS INVADEM CAPITAL DO ESTADO
        
Juliano Barreto Rodrigues.

Há uns vinte dias um colega de serviço disse que não tinha dormido direito porque havia sonhado que extraterrestres tentavam implantar um chip em sua cabeça. O sonho fora bem real, motivo pelo qual, ao acordar impressionado no meio da noite, não conseguiu mais pegar no sono.
Querendo me divertir, falei que talvez a experiência tivesse sido real e ele poderia estar realmente com um chip em seu cérebro. Sugestionado, me olhou com uma expressão de dúvida e perguntou: “Será? Vai que estou mesmo?!” Ficou encafifado com isso o dia todo.
A brincadeira me fez pensar na profusão de ideias aparentemente absurdas que pululam nas mentes das pessoas, apesar dos tantos séculos de evolução da humanidade. Ilusão pensar que a era dos mitos acabou. Continuamos inventando explicações mirabolantes para o que não entendemos e criando “realidades” improváveis. Há o sem-número de mitos religiosos, também os pseudo-científicos (do tipo homeopatia, hipnose de regressão a vidas passadas, etc. - que ainda não foram provados pela ciência), e as simples associações supersticiosas que nos fazem interpretar fatos objetivos sob um prisma bem subjetivo.
Não estou dizendo que há algo de errado nos mitos, pelo contrário: são muito saudáveis e necessários, desde que considerados como tal. Nós humanos precisamos de explicação e razão para as coisas – qualquer razão – porque é da nossa essência a dependência de respostas.
Voltemos aos E.T.’s. Coincidentemente, um boato lançou uma nova teoria da conspiração na capital goiana. Os noticiários locais passaram a veicular que várias pessoas teriam tido contatos com seres de outros planetas, tendo algumas desaparecido por até três dias e ressurgido atordoadas. Cogitou-se que uma invasão estaria sendo preparada e que muitos invasores já andavam disfarçados entre nós, ou pior, dentro de nós.
Pânico geral e notícia para mais de mês. Me posicionei com os céticos, mas confesso que vez ou outra, observando algumas pessoas, desconfiei de algum comportamento 'típico de abduzido'. Alguém de meu círculo chegou a me dizer com cara de sabichão: “No creo en ETs, pero que los hay, los hay”. Percebi que, apesar de crescido, ainda tenho presente em mim parte daquela imaginação de criança. Mas confiei (desconfiando) nas minhas convicções e esperei para ver. 
Comecei a questionar essa mania de chip’s. Há uma corrente espírita que afirma que seres do outro mundo se utilizam dessa tecnologia para, implantando-a nos seres viventes, os influenciar positiva ou negativamente. Esse método se chocou com meu arquétipo de seres de além-mundo. Eles, que atuam fluidicamente, estariam utilizando um meio muito atrasado para induzir-nos. A mesma tese argumentei na defesa dos E.T.’s. Me rebateram com MIB, Contatos Imediatos do 3° Grau e até Jornada nas Estrelas (?)
Aspirante a intelectual que sou, logicamente me neguei a acreditar naquilo, mas coloquei em cheque algumas de minhas crenças. Aquelas velhas perguntas que acometem todo mundo me visitaram: Como você acredita em Deus mesmo sem nunca tê-lo visto? Com o tamanho do universo não seria absurdo, e muita pretensão, achar que só há vida na Terra? Apesar de não enxergar as ondas de rádio e a radioatividade elas não existem? Tais questões serviram para me por no meu lugar, me lembrando que só sei que nada sei.
Percebi que somos todos feitos de pré-conceitos, julgamentos apressados e modelos prontos que abraçamos para nos posicionar no degrau do estrado social que acreditamos merecer. 
E o que foi feito da invasão?
A Copa do Mundo arrefeceu os ânimos e poucos ainda falam dos extraterrestres. Eu sou um deles. Ainda procuro pelas testemunhas. Como disse Charles Mackay em 1841, no livro Ilusões Populares e a Loucura das Massas, “As pessoas enlouquecem em manada, mas só recuperam o juizo lentamente, uma por uma.”
Apesar de não ter visto nenhum ser de outro planeta, passei a me dar o benefício da dúvida. Ou será que também me implataram um microchip?



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