ALIENÍGENAS
INVADEM CAPITAL DO ESTADO
Juliano Barreto Rodrigues.
Há
uns vinte dias um colega de serviço disse que não tinha dormido direito porque
havia sonhado que extraterrestres tentavam implantar um chip em sua cabeça. O sonho fora bem real, motivo pelo qual, ao
acordar impressionado no meio da noite, não conseguiu mais pegar no sono.
Querendo
me divertir, falei que talvez a experiência tivesse sido real e ele poderia
estar realmente com um chip em seu
cérebro. Sugestionado, me olhou com uma expressão de dúvida e perguntou: “Será?
Vai que estou mesmo?!” Ficou encafifado com isso o dia todo.
A
brincadeira me fez pensar na profusão de ideias aparentemente absurdas que
pululam nas mentes das pessoas, apesar dos tantos séculos de evolução da
humanidade. Ilusão pensar que a era dos mitos acabou. Continuamos inventando
explicações mirabolantes para o que não entendemos e criando “realidades”
improváveis. Há o sem-número de mitos religiosos, também os pseudo-científicos (do
tipo homeopatia, hipnose de regressão a vidas passadas, etc. - que ainda não foram provados pela ciência), e as simples
associações supersticiosas que nos fazem interpretar fatos objetivos sob um
prisma bem subjetivo.
Não
estou dizendo que há algo de errado nos mitos, pelo contrário: são muito
saudáveis e necessários, desde que considerados como tal. Nós humanos
precisamos de explicação e razão para as coisas – qualquer razão – porque é da
nossa essência a dependência de respostas.
Voltemos
aos E.T.’s. Coincidentemente, um boato lançou uma nova teoria da conspiração na
capital goiana. Os noticiários locais passaram a veicular que várias pessoas
teriam tido contatos com seres de outros planetas, tendo algumas desaparecido
por até três dias e ressurgido atordoadas. Cogitou-se que uma invasão estaria
sendo preparada e que muitos invasores já andavam disfarçados entre nós, ou pior,
dentro de nós.
Pânico
geral e notícia para mais de mês. Me posicionei com os céticos, mas confesso
que vez ou outra, observando algumas pessoas, desconfiei de algum comportamento 'típico de abduzido'. Alguém de meu círculo chegou a me dizer com cara de sabichão: “No creo en ETs, pero que los hay, los hay”. Percebi que, apesar de crescido, ainda tenho presente
em mim parte daquela imaginação de criança. Mas confiei (desconfiando) nas
minhas convicções e esperei para ver.
Comecei
a questionar essa mania de chip’s. Há
uma corrente espírita que afirma que seres do outro mundo se utilizam dessa
tecnologia para, implantando-a nos seres viventes, os influenciar positiva ou
negativamente. Esse método se chocou com meu arquétipo de seres de além-mundo.
Eles, que atuam fluidicamente, estariam utilizando um meio muito atrasado para induzir-nos.
A mesma tese argumentei na defesa dos E.T.’s. Me rebateram com MIB, Contatos Imediatos do 3° Grau e até Jornada nas Estrelas (?).
Aspirante
a intelectual que sou, logicamente me neguei a acreditar naquilo, mas coloquei
em cheque algumas de minhas crenças. Aquelas velhas perguntas que acometem todo
mundo me visitaram: Como você acredita em Deus mesmo sem nunca tê-lo visto? Com
o tamanho do universo não seria absurdo, e muita pretensão, achar que só há
vida na Terra? Apesar de não enxergar as ondas de rádio e a radioatividade elas
não existem? Tais questões serviram para me por no meu lugar, me lembrando que
só sei que nada sei.
Percebi
que somos todos feitos de pré-conceitos, julgamentos apressados e modelos
prontos que abraçamos para nos posicionar no degrau do estrado social que
acreditamos merecer.
E o que foi feito da invasão?
E o que foi feito da invasão?
A
Copa do Mundo arrefeceu os ânimos e poucos ainda falam dos extraterrestres. Eu
sou um deles. Ainda procuro pelas testemunhas. Como disse Charles Mackay em
1841, no livro Ilusões Populares e a Loucura das Massas, “As pessoas
enlouquecem em manada, mas só recuperam o juizo lentamente, uma por uma.”
Apesar
de não ter visto nenhum ser de outro planeta, passei a me dar o benefício da
dúvida. Ou será que também me implataram um microchip?
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