Eis a transcrição da dedicatória:
Madame Heloisa,
Escrever é como se dedicar à cozinha experimental. De início já
se sabe o efeito que se pretende obter, se o resultado será doce,
salgado, agridoce... e os ingredientes que serão utilizados. De
resto, é pôr mãos na massa, soltar a louca da casa (a imaginação,
a criatividade – que é a imaginação aplicada, limitada pelo
resultado prático desejado), levar ao misturador, ou à geladeira,
ou ao fogo, e torcer para que o produzido fique bom. Sempre se espera
algo novo, uma receita original e deliciosa. Mas o mero fato de ser
autoral já garante o prazer da criação.
Tanto escritor como o cozinheiro experimental querem protagonizar,
não se contentam em copiar. Assim funciona a cabeça de todo
artista: revelar a si mesmo, parindo algo novo a cada inspiração.
Toda atividade pode ser assim, basta colocar o coração em tudo
quanto se ponha as mãos.
Abraço!
Juliano
24/12/2016.
"Em 'A louca da casa', a jornalista e ficcionista Rosa Montero fala da literatura, dos escritores com suas histórias e personagens, da imaginação e da narrativa ficcional. Mas aos poucos, para a surpresa de quem lê, a autora se oferece em espetáculo no ato de imaginar e criar uma narrativa literária com a sua própria biografia, e do mesmo modo vai revelando os segredos da corporação dos escritores. Surgem então os fingimentos de Goethe, a doença de fracasso de Walzer e a síndrome do sucesso de Capote, o drama do reconhecimento póstumo com Melville, o egoísmo de Tolstoi, a vaidade de Calvino, de modo que as entranhas da criação literária vão se tornando íntimas. Enfim, ficção, ou uma fabulação sobre os inventores de fábulas, a obra vai revelando como a vida de qualquer um de nós não funciona de modo diferente das narrativas ficcionais."
(Fonte: Livraria Cultura. Sinopse disponível em <http://www.livrariacultura.com.br/p/a-louca-da-casa-759868?id_link=13574&gclid=CNT7y--elNECFVIFkQodW3UACA>)
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