SINA GUERRA
(ou ASSAZ SINA)
Juliano Barreto
Rodrigues
A explosão metálica
Meteórica e feérica de uma bala
A atingir, em cheio,
O peito insone e pré-morto
De um datado.
Inércia resistindo a atrito
Calor girostático, eufórico,
Prenunciando o gelo ardente de Aita
Um raio, um flash
O estouro, um risco
A seta mercurial incandescente
A traçar uma linha perfeita,
Pontiaguda,
A abrir a massa tic-táquica sem fechadura.
O destino em um click
de pontinha de dedo
Espocando um clarão branco
Que tingirá a noite sonora de vermelho
E jogará, num segundo,
O corpo inerte na pretura já indolor.
Nem tempo de ai
Ou últimas palavras.
Só o soco surdo
De milésimo
A romper o fôlego,
O feixe
A ligação umbilical entre alma e corpo.
O cano esfria,
O corpo esfria
E vão dormir, ambos,
A tranquilidade da sina cumprida.
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