"O asno de ouro de Maurizio" (Cattelan), com moedinhas de chocolate: “ |
O Coletivo
terça-feira, 27 de dezembro de 2016
Presente para Madame Heloisa, amiga da família e blogueira.
terça-feira, 13 de dezembro de 2016
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
terça-feira, 4 de outubro de 2016
Munch. Melancolia. |
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
* Na minha interpretação, as partes referidas do bode simbolicamente significam: notoriedade, inteligência e poder.
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
Nova Babélia
Da animação "Matuto no Cinema", de Jessier Quirino. |
NOVA
BABÉLIA
Juliano Barreto Rodrigues
Inácio
deu um pulo quando viu o anúncio da vaga. Recém-formado em Jornalismo, na
capital goiana, não a via hora de deixar o
açougue em que trabalhava. A vaga era num vilarejo em Minas Gerais, uma corrutela rica chamada Nova Babélia, quase na divisa
com Goiás. Precisavam de um repórter que fosse “bom com as palavras”, só isso.
Salário? Três vezes o que ganhava destrinchando carne.
Como
não tinha periquito a quem dar água, nem medo de aventura, Inácio partiu, convicto,
para o interior mineiro. Foi recebido por um contínuo na rodoviária e encaminhado
para a sede do jornal. No caminho, o menino lhe advertiu que o Sêo Neném,
apelido de Pedro Roseta, homem mais entendido das coisas da região, é quem o
entrevistaria para a vaga.
Em
frente à edificação do Folha de Babélia havia uma pracinha de uma árvore só,
cheirando a rosas e esterco de cavalo. Seu interlocutor estava lá, sentado no
banco de ipê, fumando um pitinho de palha. Chapelão de piaçava na cabeça,
camisa listrada, calça marrom pega marreco e botina com sola de pneu. Destoou
do paletó preto do candidato e de seu cabelo amansado a base de goma. Este
pensou consigo: “deixa estar, melhor passar de almofadinha do que de desleixado
para o patrão”.
Sêo
Neném foi simpático. Disse que o serviço era “sossegadim”, bastava ir onde
houvesse notícia, principalmente política, falar com as pessoas e fazer a
resenha para o jornal. Encaminharam-se para a porta do Diário e avistaram uma
figura elegante vindo em sua direção.
–
Dotô presidente Enrico, como está passando, cumpadre véio? – disse Sêo Neném. –
Soube de um fuzuê envolvendo aqueles dois vereadores mal'amados ontem. Ah, péra
um cadim, deixe eu fazer as honras – Virou-se para nosso ainda açogueiro e
falou: – Rapaz, espia só: este é Dotô Enrico, presidente da Câmara de
Vereadores daqui de Babélia, homem batuta, cultíssimo, descendente dos Paraguaçu,
lá de Sucupira na Bahia.
–
Boas tardes, mancebo. O que o traz a nossa bela urbe?
Com
a cara apatetada, o candidato ia responder mas foi interrompido por Sêo Neném:
–
Tá aí sua primeira prestância, moço. Nosso presidente traz uma notícia que o
povo daqui vai adorar, uai. Picuinha de gente graúda. Mexerico que vai dar
falatório pra semana toda. Diz aí, meu cumpadre. Que troço foi aquele?
–
O edil assestado, engalanado na beca, eclodiu do átrio com as fácies
descortinando um ar lustral, pendeu a ilharga sestra e deu-se com o êmulo
camarista ventrudo de dedo em riste e tendente a lhe esbordoar. Se bem que
cabido, o vetusto agonista não anelava embater-se com um antagonista finório,
traquejado no ofício do aliciamento, capaz de embuçar o abalo, salientando uma
efígie distensa, para vergar toda a sanha em serventia própria. O marau urdiu
uma tergiversação bem-lançada, desalinhou o siso do rixento vituperante, mitigando
a bile a tal passo que o primata lhe obsecrou escusas e apercebeu-se tão
pecante, a altura de hipotecar todos seus votos da legislatura corrente. Que
azêmola!
–
? – foi o que significou o queixo caído e a expressão de Pedro Bó do candidato.
Aturdido, perguntou ao seu patrono: – Me desculpe Sêo Neném, o senhor poderia me
explicar melhor o acontecido?
–
Claro, meu caro. O nobre amigo quis dizer que o parlamentário da cara azeitada,
um mutreco tinhoso, entrando no paço deu a banda pra sinistra, topando a fuça
com o dedão do abatufado garnizé, que lhe queria dar com os cascos. Intão,
desprecavido, acabou abraçando a própria serpente da macieira. O maganão veio
com uma lenga-lenga aprumada, mutreta de profissional, sabe? Espiticou a
cacholinha do balofo, que vergou tanto, até mostrar os fundilhos, uai. Mansinho
feito cordeirinho, ficou tão encabulado, achando que tinha feito feio, que não
só pediu 'discuipa', como ainda ofereceu as patas pra corrente: disse que
conluiava com a raposa até o fim do mandato. Eita trem besta!
Assombrado,
nosso moço perguntou: – Todo mundo aqui fala assim?
–
Assim como? Português? – respondeu Pedro Roseta, que continuou: – Não. Temos
uma vila de japoneses que falam lá a língua deles.
Depois
de um minutinho de silêncio, em que o rapaz ficou olhando a rua por onde tinha
chegado e lembrando do anúncio de emprego, que dizia “bom com as palavras”,
teve saudade do açougue. Então, surpreendeu seus novos conhecidos:
–
Licença, vou só ali comprar uns cigarros.
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
Van Gogh , 1890. No Limiar da Eternidade |
terça-feira, 30 de agosto de 2016
CONFLITO
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
Juliano Barreto Rodrigues