Sentado no botequim da
esquina, tomando cerveja e comendo espetinho com um amigo de infância que me cobrou
lhe pagasse uma, de repente ele me saiu com essa:
- Poxa, você é
realmente um cara com muitos talentos.
- É, já me disseram
isso algumas vezes.
- Toca violão, pinta,
escreve, tem mestrado, é concursado e faz até massagem.
- Verdade.
- Ainda se mete com
umas coisas bem diferentes: uns filmes daqueles preto-e-branco que só você vê, coleciona
livros antigos, tatua aos fins de semana, degusta charutos cubanos, joga búzios,
vai na maçonaria, investiga os outros, lê bula de remédio..., que mais você
faz?
- Faço a sobrancelha da
minha mulher, entre outras coisas.
- Ah, para tudo! Tá
falando sério? Putz, de que mundo você é?
- Só procuro fazer tudo
que acho interessante, senão morro de tédio.
- Tá, tirando os
excessos esquisitos, qual seu maior talento?
- Tenho um bem grande, que
me intriga muito.
- Deve ser super
exótico.
- Tenho um talento
inato para não ganhar dinheiro.
- Como assim?
- Veja você: é verdade
que sei e faço tudo que falou, algumas coisas de forma melhor que outras, mas
faço. E ainda assim, tirando minha profissão oficial, praticamente nadinha
disso me dá dinheiro.
- Não cobra?
- Por quase nada. O que
não faço por hobbie é para os amigos,
que sempre vêm com aquela conversa: “pô, quanto você faz pra mim?” E como não sou
bom para por preço, fica tudo na camaradagem.
- Eu já estaria rico
com a inteligência que você tem.
- Qual? O que eu tenho
são muitos talentos. Se eu fosse inteligente, EU MESMO estaria rico.
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