Em uma situação recente, participando de uma aula de Laboratório de Leitura e Criação Literária para o Ensino Médio e Fundamental, ministrada pela professora Aya, no curso de Letras (UAB/UnB), a professora pediu que fizéssemos anagramas usando apenas nosso primeiro nome e, com as palavras surgidas, criássemos algum texto.
A partir de “Juliano”, consegui as seguintes palavras:
Juliano
Lua
Juno
Ano
Uno
No
Li e lia (do verbo ler)
Anuí (do verbo anuir)
Ulna (osso do antebraço)
Não
Nua
Nú
Lona
Nula (o)
Daí, pensando em como iria criar alguma coisa utilizando todas essas palavras, considerei a palavra Juno (nome de uma deusa romana) a mais difícil de encaixar em algum texto feito ali, de improviso. Então, me veio a ideia de um poema (porque eu teria mais liberdade para encontrar um jeito de usar também a palavra “Ulna”, por exemplo, etc.). Assim, como palavra atrai palavra, surgiu o seguinte poema-ficção em versos livres (ainda não burilado):
QUEDA DE JÚPITER
Era o primado dos deuses romanos...
Juno, esposa de Júpiter e rainha dos deuses,
Que por ciúmes da bela Calisto,
Lua nua,
Transmutou-a em ursa.
Li, na ulna do deus caído por amor,
Não numa costela,
(Que a história é de deuses do auge romano,
Bem maiores que um Adão).
A Júpiter, lhe doeu mais perder uma mulher
De carne e osso,
Do que uma deusa,
Que o deixou na lona:
Nulo de desejo
Nulo de amor
Nulo...
Uno,
Sozinho,
No limbo entre seu reino
E a própria criação.
Enfim,
Num ano do calendário Juliano,
Ele anui tornar-se carne.
Aí, decaiu o deus à Terra,
Mas,
Nem tampouco,
Encontrou sua Calisto.
Vive, desde então,
Imortal, mas semideus,
Perdido de amor...
A namorar as constelações
Ursa Maior e Ursa Menor
A circularem nos céus,
E sonha a sua amada,
Que levou seu coração.
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